Martha Imenes
O conflito no Oriente Médio pode afetar a economia brasileira e o bolso do consumidor. Isso ocorre porque com a possibilidade de fechamento do Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico, 30% da produção de petróleo e gás do mundo pode deixar de circular na região, impactando os preços de combustíveis, plásticos, fertilizantes, produtos químicos, automóveis, maquinários e eletrônico, entre outros.
De acordo com o economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, a principal consequência desse conflito é a dificuldade de escoamento da produção de Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque. Os países são membros do Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e exportam sua produção por Ormuz.
"Além de afetar o preço da gasolina no Brasil no médio prazo, deixará o frete mais caro, com perspectiva de aumento da inflação, que recairá sobre alimentos" adverte.
O economista avalia, no entanto, que ainda é cedo para delimitar qual será a extensão desse conflito devido ao cenário volátil na região. "Tudo muda a cada minuto, teremos que avaliar constantemente", diz.
Efeito dominó
A alta do petróleo pode impactar diretamente o preço dos alimentos devido ao efeito dominó nos custos de produção e transporte. O aumento do preço do diesel, por exemplo, encarece o transporte de insumos e produtos agrícolas, impactando a inflação dos alimentos.
Maior impacto
Países altamente dependentes de importação de petróleo do Golfo Pérsico, como Índia, China, Japão, Coreia do Sul e Cingapura.
Economias emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, que são vulneráveis à volatilidade cambial e à inflação importada.
Empresas de transporte marítimo, aviação e setores industriais com alta dependência energética.
Consumidores finais enfrentarão aumento no custo de vida, especialmente em regiões que não possuem estoques estratégicos de petróleo.
Estreito de Ormuz
No domingo, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento da passagem no Golfo Pérsico como retaliação aos ataques norte-americanos às usinas nucleares do país.
A decisão de prosseguir com o bloqueio precisa ser validada pelo Conselho Nacional de Segurança iraniano e pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. A medida envolveria o uso de força militar para impedir o tráfego marítimo na região.