Por Marcello Sigwalt
Após manter a estimativa da inflação oficial para este ano 'estacionada' nas últimas semanas, o boletim Focus - consulta semanal do Banco Central (BC) às 100 maiores instituições financeiras nacionais - projetou uma queda 'módica' de 0,04 ponto percentual (p.p.) no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que passou de 5,50% para 5,46%, um ponto percentual acima do teto da meta de inflação (4,5%).
A retração do indicador pressupõe uma 'estratégia de convencimento' do BC pela banca, que reforçaria a ideia de que 'já seria hora' de flexibilizar a Selic (taxa básica de juros), hoje no 'exorbitante' patamar de 14,75% ao ano (a.a), a maior taxa real do planeta. No entanto, a forte dinâmica da economia pátria 'desaprovaria' tal medida.
Nesse contexto, o mercado manteve em 4,50% o IPCA para 2026 - o chamado 'horizonte relevante' - pela 3ª semana seguida, superando o que o próprio Copom (Comitê de Política Monetária) previu, de 3,6%.
Também 'microscópica' foi a baixa do prognóstico do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, de 2,14% para 2,13%, ou seja, 0,01 ponto percentual. Se consideradas as 40 projeções para a economia, nos últimos cindo dias úteis, houve avanço de 2,17% para 2,24%. Ao cabo deste ano, o BC espera um crescimento econômico de 1,9%. Após manter a previsão 'imexível' por seis semanas, o Focus elevou, de 1,70% para 1,80%, a expectativa de alta do PIB para o ano que vem. Para 2027 e 2028, a estimativa foi mantida em 2%, em ambos os casos.
A despeito dos 'avisos' da instituição central, de que haverá novos aumentos da Selic, como 'freio' da atividade, o mercado financeiro continua 'apostando' que a taxa básica encerrará 2025 em 14,75% ao ano. Na última ata, o colegiado admitiu manter o viés contracionista dos juros básicos, que "seguirão contribuindo para a moderação do crescimento".