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Moody's rebaixa nota do país ante a 'vulnerabilidade fiscal'

Para o rebaixamento, pesou a piora na capacidade do Brasil de sustentar sua dívida | Foto: Divulgação Moodys

Por Marcello Sigwalt

Piora na capacidade do Brasil de sustentar sua dívida, devido ao aumento dos custos de financiamento e a rigidez nos gastos públicos.

Sob esse argumento, a Moody's Ratings alterou nesta sexta-feira (30), a perspectiva para a avaliação do governo brasileiro, que caiu de positiva a estável, embora tenha sido mantida a nota Ba1 para dívidas em moeda local e estrangeira, além dos títulos seniores. Para reforçar a decisão, a agência sustentou que, apesar do cumprimento das metas de resultado primário, o avanço nas reformas fiscais teve a marca da lentidão.

"O Brasil tem um perfil de dívida sensível à elevação dos juros, que, junto com a rigidez dos gastos, limita o espaço para cortes adicionais e complica o controle da trajetória da dívida pública", informou a Moody's, ao atestar que a gestão petista tem a marca da 'vulnerabilidade fiscal'.

Ao mesmo tempo, a Moody's admitiu que o crescimento econômico de 3% ao ano, com base em uma economia diversificada e reformas estruturais, demonstram 'resiliência do país frente a choques externos.

Em contraponto, a Moody's aponta que a dívida pública projetada deve se estabilizar em torno de 88% do PIB nos próximos cinco anos, um aumento frente a 82% estimados em outubro de 2024, impelido por pagamentos de juros, que devem consumir até 21% da receita em 2025, ante 15% em 2023.

Mesmo reconhecendo o mérito de 'mudanças na estrutura da dívida' — como o aumento gradual da participação de títulos prefixados e atrelados à inflação, além do alongamento do prazo médio - para a melhoria do 'manejo de riscos', a agência Moody's prevê "que seus efeitos serão lentos".

Apesar do avanço das reformas fiscais, pela redução de vinculações de receitas e revisão da correção automática de benefícios sociais, a agência entende que o governo deveria reduzir as incertezas fiscais.