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Mercado presta 'socorro' ao BC, ao manter IPCA e Selic

Por Marcello Sigwalt

A despeito da perspectiva, externada claramente pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), no início do mês - de que a taxa básica de juros (Selic), deve continuar em alta - o mercado financeiro 'dobrou a aposta' de que o indicador chegará ao cabo de 2025 nos mesmos 14,75% ao ano (a.a.) atuais, como há três semanas. De igual modo, para 2026 e para 2027, foram mantidas as previsões anteriores de 12,50% ao ano e 10,50% ao ano, respectivamente.

Para reforçar tal expectativa, a previsão da 'banca' - constante do boletim Focus dessa segunda-feira (26) - deu uma 'ajudinha' à política monetária petista, de 'fidelidade canina' à gestão fiscal perdulária do Planalto, ao projetar que um IPCA 'estável' em 5,5% para este ano. Ainda assim, tal patamar é um ponto percentual superior ao teto da meta de inflação (4,5%), fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), aumentando o risco de mais um estouro da meta em 2025, quarto ano consecutivo de descumprimento desse princípio republicano.

A exemplo deste ano, também foi mantido em 4,5% o prognóstico da inflação para 2026, e em 4% para 2027. Para 2028, porém, esta subiu de 3,80% para 3,81%.

A grande novidade da pesquisa - em que o BC consultou as 100 maiores instituições financeiras nacionais - é a 'arrancada' do então estacionário PIB para 2025, que saltou de 2,02% para 2,14%, como reflexo de revisões recentes 'para cima' de índices da atividade econômica. Para o próximo ano, todavia, a estimativa 'empacou' no mesmo 1,7% anterior.

No comércio exterior, houve recuo, de US$ 75 bilhões para US$ 74,8 bilhões, do superávit comercial esperado para este ano. Para o ano que vem, este se manteve em US$ 78,5 bilhões.

Igualmente 'estacionário' em US$ 70 bilhões ficou a projeção de ingresso de investimento estrangeiro direto no país em 2025, insuficiente para financiar o déficit de transações correntes nacionais.