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Desconforto fiscal 'infla' juros futuros

A curva de juros abriu e ganhou inclinação nesta quarta-feira, 21 por desconforto fiscal tanto em relação aos Estados Unidos quanto no Brasil. O avanço dos Treasuries foi o maior fator de pressão. Mas também houve desconforto pelo aval do presidente Lula sobre a MP do setor elétrico - enviada ao Congresso -, risco para arrecadação, e após apuração do Broadcast mostrar que os pedidos de reembolso de aposentados do INSS já somam R$ 1 bilhão, com o mercado ponderando como o governo conseguirá fazer uma compensação.

A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,750%, de 14,734% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 subiu a 14,055%, de 13,965%, e o para janeiro de 2029 avançou para 13,665%, de 13,523% no ajuste de ontem.

Os DIs espelharam o movimento das taxas dos Treasuries, que ampliaram alta após um leilão de US$ 16 bilhões em T-bonds de 20 anos, com juro máximo de 5,047%, nesta tarde. Este fator se somou à pressão vista desde cedo mediante preocupação sobre um projeto de lei do governo Donald Trump que mira ampliar isenções fiscais.

"Há preocupação de que o déficit americano possa crescer ainda mais nos próximos anos, elevando a dívida. Acho que é a principal preocupação do mercado, e que está fazendo preço, ainda mais considerando que a notícia vem após o rebaixamento da nota de crédito americana pela Moody's na última sexta-feira, de Aaa para Aa1", comenta o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno.