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Focus reduz IPCA pela 4ª vez; PIB 'empaca' em 2%

Por Marcello Sigwalt

Em sinergia com a redução (pela quarta vez seguida, agora para 5,51%), a conta-gotas, do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano, o mercado financeiro - por meio do boletim Focus, consulta semanal do Banco Central (BC) às 100 maiores instituições financeiras nacionais - 'dobra a aposta' de que a última 'puxada' na Selic - alçada ao patamar altíssimo de 14,75% ao ano, o maior em 20 anos - seria a última de 2025, a despeito de qualquer viés nesse sentido, na mensagem transmitida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ao anunciar o reajuste da taxa básica de juros, na semana passada.

A projeção da banca, porém, 'tropeça' em duas constatações inequívocas: a primeira, a de que o IPCA acumulado em 12 meses está, até o momento, um ponto percentual (1 p.p.) acima do teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. O segundo fator e não menos relevante, é a persistência da inflação dos serviços e dos alimentos, que parecem 'impermeáveis' ao impassível aperto monetário perpetrado pelo BC. Igualmente 'estacionadas' ficaram as estimativas da Selic para 2026 e 2027, em 12,50% ao ano e 10,50% ao ano, respectivamente. Idêntica lógica aparece nas expectativas sobre o IPCA nos anos posteriores, com queda de 4,51% para 4,50% para 2026; estabilidade de 4% para 2027 e em 3,8%, para o ano seguinte.

Prova inequívoca que o remédio amargo dos juros excessivos já condenou a economia a uma taxa de crescimento medíocre, o Focus manteve, mais uma vez, em 2%, o crescimento do PIB para 2025, e no mesmo 1,7% anterior, para 2026.

O boletim reiterou nos mesmos US$ 70 bilhões, a previsão de entrada de investimentos estrangeiros diretos (IDP) para 2025, muito aquém da necessidade de financiamento do déficit de transações correntes nacionais. Mesmo patamar de IDP é projetado para 2026.