Por Marcello Sigwalt
A 'resiliência altista' dos preços dos serviços e dos alimentos constituem 'barreiras', até agora, intransponíveis, para que a economia tupiniquim possa começar a trilhar o caminho de uma política monetária menos restritiva, como é atualmente.
A observação preocupante, em tom de alerta, forma consenso entre economistas, a despeito do recuo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 0,56% para 0,43%, na passagem de março para abril. Ao cunharem o termo 'sinais de pressão', estes admitem que a perspectiva de início do ciclo da Selic (taxa básica de juros) se tornou mais distante do que a princípio se concebia.
Apesar da retração do indicador inflacionário, este já acumula alta de 5,53%, obviamente muito acima do teto da meta (4,5%), quanto mais de seu centro (3%). A reboque de tal elevação, nos últimos sete meses seguidos, desde outubro do ano passado, o IPCA estoura, sem falta, a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Outra indicação de que a política monetária perdeu as rédeas da carestia é o fato de que, dos nove grupos (produtos e serviços) que compõem o índice, oito exibiram altas no mês passado. Aqui importa mais destacar o patamar elevado dos percentuais, do que as variações em si, a exemplo do grupo Alimentos e Bebidas que, apesar da retração, de 1,17% para 0,82%, de março para abril, continuou respondendo pelo maior impacto do resultado geral (0,18 ponto percentual.
O gerente de pesquisa do IPCA, Fernando Gonçalves destacou reduções de itens da cesta de consumo: carnes (-0,08%), arroz (-4,19%) e ovo (-1,29%). O maior recuo coube à cenoura, que caiu 10,4% (-36,9%, acumulados em um ano).
Também pressionaram o índice os produtos farmacêuticos, que avançaram 2,32%, após a autorização de um reajuste de até 5,09% nos medicamentos, pelo governo federal.