Por Marcello Sigwalt
Como resultado lógico do aumento firme das horas trabalhadas, em detrimento da produção, a indústria amargou, pela quinta vez consecutiva, recuo de produtividade em 2024.
É o que mostra a pesquisa da Produtividade da Indústria, elaborada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), ao constatar que o setor perdeu eficiência.
Enquanto as horas trabalhadas avançaram 4,5%, a expansão do volume produzido não passou de 3,7%. A produtividade industrial, no ano passado, caiu 9%, ante 2019.
O economista da CNI, Vinicius Nonato, observa que a demanda por bens manufaturados cresceu em 2024, com elevação das horas trabalhadas, além da contratação de novos trabalhadores.
"Ao contratar novos trabalhadores, demanda-se tempo de treinamento até que se tornem mais produtivos, por isso, no curto prazo, a produção cresce menos que as horas trabalhadas. Esse efeito contribuiu para o quadro em 2024", destaca Nonato.
Em que pese a disparidade entre as horas trabalhadas e a produção, a produtividade, porém, não acusou retração nos dois últimos trimestres do ano passado, a ponto de a medida de produtividade por trabalhador (volume produzido dividido pelo número de trabalhadores), ter concluído o ano no 'positivo': 1,4%.
Em 2022, houve queda na produção (-0,4%), com alta das horas trabalhadas (2,5%). Já em 2023, houve queda mais acentuada na produção (-1,1%) do que nas horas trabalhadas (-0,8%).
Para o economista da CNI, o cenário de 2024 refletiu os investimentos em modernização produtiva, estimulados pelo plano Nova Indústria Brasil (NIB), que induziram à expansão das contratações.
Em 2025, todavia, o setor pode ser afetado pela alta da Selic, o que aumenta o risco de restrição do ritmo do investimento.