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Focus reduz projeção do IPCA de 2025 pela 3ª vez

Por Marcello Sigwalt

Cimentando um aparente 'acordo tácito' do mercado com o aperto monetário conduzido pelo Banco Central (BC), o boletim Focus - consulta semanal da autoridade monetária às 100 maiores instituições financeiras nacionais - reduziu, pela terceira vez seguida, a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desta vez, de 5,55% para 5,53%, ante à iminente nova alta da Selic (taxa básica de juros), de 14,25% ao ano (a.a.) para 14,75% a.a., conforme previsões de analistas, com lastro para novo reajuste, mais à frente.

A 'banca' é mais generosa, ao apostar numa estabilidade do indicador oficial de inflação em 4,51% para 2026 e em 4%, para 2027. Para 2028, este subiu de 3,78% para 3,80%.

Ao contrário da queda, a 'conta-gotas' da inflação, aquela sobre o PIB continuou 'empacada' em 2%, o mesmo valendo para o ano que vem, em 1,7%.

No que toca à Selic (taxa básica de juros), porém, o Focus, pela 1ª vez, projetou recuo do indicador, de 15% a.a. para 14,75% a.a.. Isso indicaria que a taxa não sobe, nem desce até o final de 2025. Para 2026 e 2027, a Selic foi mantida em 12,50% a.a. e 10,50% a.a., respectivamente.

No plano externo, o boletim 'estabilizou' a previsão de superávit comercial deste ano em US$ 75 bilhões. Essencial para financiar o déficit das transações correntes (estabilizado em US$ 55,90 bilhões), o ingresso de investimento estrangeiro foi mantido nos US$ 70 bilhões anteriores, mesmo patamar de 2026.

Pela 19ª seguida, o Focus manteve em 0,60% do PIB o déficit primário do setor público para este ano, baixando de 0,67% do PIB para 0,64% do PIB, para 2026.

Na contramão da tendência de crescimento 'explosivo', o mercado projetou decréscimo da dívida líquida do setor público (DLSP), de 65,90% para 65,80%, e de 70,35% para 70,18% para 2026.