Por Marcello Sigwalt
Em que pese o fato de o IPCA de janeiro último ter apresentado queda significativa, para 0,16%, ante 0,52%, registrado em dezembro do ano passado, predomina entre economistas a projeção de que o indicador oficial de inflação deverá voltar a subir, neste mês de fevereiro.
Isso porque, por efeito estatístico, o índice do primeiro mês de 2025, se excluído o efeito positivo na taxa, do bônus de Itaipu, teria alçado o patamar de 0,71%, o que indicaria, ao contrário da impressão geral, uma aceleração e não desaceleração.
Nessa 'vibe', o economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, Luis Otávio Leal, em relatório, pontua: "Mas o pior é que essa deflação será 'compensada' em fevereiro, levando o IPCA do mês, já impactado pelas mensalidades escolares, a subir para algo próximo de 1,3%".
Na mesma direção, o chefe de economia para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos acentua que o cenário é de "pressões inflacionárias crescentes" e "expectativas de inflação ainda desancoradas a curto e médio prazos". Segundo ele, isso, se combinado ao nível de demanda acima da capacidade de produção do país e a um mercado de trabalho aquecido, vai requerer uma calibragem "altista da política monetária". Em outras palavras, a Selic deve superar, em muito, as previsões módicas de 15% ao ano no final de 2025, feitas pelo mercado via boletim Focus do Banco Central (BC).
Já o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi observa "significativa piora" na qualidade da inflação. "A baixa ociosidade da economia continua pressionando os itens mais relacionados ao ciclo de política monetária", afirma.
A economista do C6 Bank, Claudia Moreno, admitiu que sua projeção para o IPCA de janeiro era ligeiramente mais alta (0,19%), pois a conta de luz impactou a inflação em -0,56 ponto percentual.