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Boletim Focus eleva projeção de IPCA pela 17ª vez seguida

Escalada inflacionária já contamina (e compromete) avanço da economia em 2026 | Foto: Raphael Ribeiro - BC

Por Marcello Sigwalt

Prova inconteste de que as tentativas de ajuste fiscal pelo governo fracassaram, até aqui, a projeção de inflação para 2025, de 5,51% para 5,58% (cada vez mais distante do teto da meta, de 4,5%), divulgada nessa segunda-feira (10) pelo Boletim Focus é a 17ª seguida estimada pelo mercado financeiro, em consulta semanal pelo Banco Central (BC).

Na mesma 'toada' da carestia tupiniquim, a estimativa para 2026 - o chamado 'horizonte relevante', para efeito de decisões da política monetária - igualmente avançou, pela sétima vez consecutiva, de 4,28% para 4,30%.

Ante tais números, é grande a possibilidade de novo 'estouro' da meta de inflação, pelo quarto ano seguido, perspectiva admitida, já em janeiro, pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, em carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na missiva, o comandante da autoridade monetária atribuiu essa prospecção a fatores, como a forte atividade econômica, a queda do real e os extremos climáticos.

Precificando o aperto monetário, a 'banca' baixou sua expectativa em relação à economia, haja visto que o PIB 'encolheu' de 2,06% para 2,03%, o mesmo valendo para o ano que vem, 'desidratado' de 1,72% para 1,70%.

Desculpas do BC à parte, o fato é que fica difícil acreditar que a Selic (taxa básica de juros) vá chegar, como projetado pelo mercado para este ano, em 15%, uma vez que o indicador já foi alçado ao patamar de 13,25% ao ano, no fim do mês passado.

Para o ano que vem, a estimativa é de que a Selic baixe para 12,50% ao ano. Para 2027, porém, esta subiu de 10,38% ao ano para 10,50% ao ano.

No caso da dívida líquida do setor público (DLSP) como proporção do PIB em 2025, houve recuo, de 66,30% do PIB para 66,10% do PIB, quando, um mês antes, era de 66,95% do PIB.