Por:

Moedas emergentes atropelam dólar

Após a leve alta de ontem, quando interrompeu uma sequência de doze pregões consecutivos de baixa, o dólar apresentou queda na sessão desta quinta-feira (6). O real e outras divisas latino-americanas voltaram a ganhar terreno em meio à valorização do minério de ferro e à perspectiva de que não haja uma escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Afora um movimento de alta na primeira hora de negócios, quando superou R$ 5,80 e registrou máxima a R$ 5,8244, o dólar operou o restante da sessão em terreno negativo. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo comercial e de investidores estrangeiros para bolsa doméstica.

No meio da tarde, o dólar rompeu pontualmente o piso técnico de R$ 5,75, com mínima a R$ 5,7488. A redução dos ganhos do peso mexicano, após o Banco Central do México (Banxico) reduzir a taxa básica de juros de 10% para 9,50%, tirou parte do fôlego de outras moedas da região, incluindo o real.

No fim do pregão, o dólar à vista era cotado a R$ 5,7639, queda de 0,52%. A divisa recua 1,25% nos quatro primeiros pregões de fevereiro, desvalorização anual de 6,74%. Após ter liderado as perdas em relação ao dólar em 2024, o real apresenta o segundo melhor desempenho entre as principais divisas globais em 2025, atrás apenas do rublo russo.

Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o comportamento do real espelha a redução de prêmios de risco embutidos em moedas emergentes diante da percepção de que Trump vai adotar uma postura "gradual e faseada" no front comercial, como mostra o adiamento de aumento de tarifas para México e Canadá.

O economista ressalta que as moedas latino-americanas em especial, à exceção do México, se beneficiam da ausência de medidas mais agressivas dos EUA contra a China. Há expectativa até de que eventual conversa entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, resulte em algum acordo para suspensão de tarifas.

"Desde o começo de outubro, as moedas vinham perdendo valor em relação ao dólar, precificando uma postura bem mais agressiva de Trump.