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Inflação de alimentos 'anula' avanço da renda

Por Marcello Sigwalt

Propalada aos quatro cantos pelo Planalto, muito antes da eleição municipal plebiscitária de outubro passado, o avanço da renda no país é 'ofuscado' pela disparada da inflação dos alimentos, o que compromete, de fato, a recuperação do poder de compra do consumidor tupiniquim.

É o que atesta levantamento realizado pelo economista da consultoria LCA, Bruno Imaizumi, por meio do cruzamento do custo da cesta básica com a evolução do salário mínimo e do rendimento médio do trabalho.

Desde seu início, a inflação tem sido uma 'dor de cabeça' para o quarto mandato petista, que sofre com os danos inevitáveis de popularidade, captados com frequência pelos indicadores, desde então. O mais grave, porém, para o lado de cá do balcão, do contribuinte pagador de impostos, é saber que, segundo apontam analistas, há 'pouco espaço' para a tomada de ações 'mais eficazes', tendo em vista um conjunto de fatores, como problemas climáticos e dólar em constante propensão de alta, face às recorrentes incertezas fiscais.

O descompasso entre inflação e renda pode ser atestado pelo fato de que, enquanto o salário mínimo podia comprar 2,07 cestas básicas em São Paulo, no período de 2010 a 2919 (antes, portanto da pandemia), tal poder aquisitivo caiu para 1,51, em abril de 2022, ainda na gestão federal anterior, sob a pressão de preços das commodities, em decorrência da guerra da Ucrânia.

Depois de mostrar recuperação 'módica', para 1,8 da cesta básica, nos anos 2023 e 2024, dados mais recentes apontam que tal proporção teria 'encolhido' para 1,7. Além de não recuperar o poder de compra anterior à pandemia, a perspectiva é de estagnação dessa proporção, em 1,7, tanto em dezembro deste ano, quanto em igual mês de 2026, este último, bússola para a tomada de ações de cunho eleitoreiro pelo Executivo.