Por Marcello Sigwalt
A frustração com a série de indicadores 'fracos', nas últimas semanas, acrescida por sinais de 'perda de tração da atividade econômica', abre espaço para a perspectiva, admitida por número crescente de economistas, de início de um processo conhecido como 'recessão técnica' - dois trimestres seguidos de recuo no PIB (Produto Interno Bruto) - no país. Tal cenário já forma consenso entre especialistas de, pelo menos, seis instituições, como Bradesco, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura, Tendências e BV.
A avaliação da tendência adversa toma por base dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da última semana de 2024, que mostram uma queda de vendas do varejo e do volume de serviços, acima do previsto.
Em novembro último, foram criados 106,6 mil postos, segundo o Ministério do Trabalho, menor saldo para o mês da série histórica iniciada em 2020. Já a produção industrial acumulou um recuo de 0,8% nas últimas duas medições do IBGE: outubro e novembro. O consenso é de que o ritmo de crescimento da economia estaria indicando 'esgotamento'.
Uma vez superado o impacto positivo, neste primeiro trimestre, da safra recorde de grãos, a desaceleração econômica deverá ficar mais patente com o peso dos juros elevados.
Nesse contexto, o economista da consultoria Tendências, Thiago Xavier admite que, uma vez concluído o efeito positivo da agricultura, haverá 'maior incidência das condições financeiras mais restritivas', face o aperto monetário, juntamente com a redução substancial do estímulo fiscal, forçado pela necessidade de contenção de gastos federais, tendo em vista o cumprimento do arcabouço fiscal.
Levando em conta esse conjunto de fatores, a Tendências prevê uma queda de 0,6% do PIB no terceiro trimestre (3T25) e de 0,2%, nos últimos três meses do ano (4T25).