Na última semana, o Disney+ trouxe um projeto para seu catálogo bem discretamente. Trata-se de "Motorista de Fuga", uma mistura de suspense e comédia, que é carregado de ação e conta com umas pitadas dramáticas. Estrelado pela sensacional Samara Weaving ("Casamento Sangrento") e pelo consagrado Andy García ("O Poderoso Chefão 3"), o longa é bastante interessante e aposta em uma história original sobre Edie, uma jovem criada em uma família de assaltantes, que foi obrigada a se tornar uma motorista de fuga ainda na infância.
Os anos se passam, ela tenta endireitar a vida, mas descobre que está grávida do ex-namorado, um trombadinha completamente sem noção. Então, quando decide contar ao rapaz sobre o bebê, ele acaba enfiando a coitada em uma trama de perseguição que a levará de volta ao crime, onde terá de servir uma última vez como pilota de fuga para um crime no cassino.
A convite da Disney, o Correio da Manhã conversou com o diretor e roteirista do filme, Shawn Simmons, que falou mais sobre o segredo para as cenas de ação serem tão bem executadas. "O nosso segredo foi apelar para os efeitos práticos. Todas as nossas cenas foram feitas com ação real. Nosso Coordenador de Dublês é o Paul Jennings, que trabalhou em filmes como 'Batman: O Cavaleiro das Trevas' e 'Jack Reacher'. Inclusive, foi assistindo 'Jack Reacher' que vi uma cena de perseguição de carros e falei: 'cara, eu preciso muito que as cenas sejam desse jeito'. O segredo para uma boa cena de perseguição é colocar os atores nos carros para dirigirem de verdade. E foi o que fizemos", disse.
Simmons destacou o uso da computação gráfica e como isso pode afetar a experiência do cinema. "No fim, acho que isso passa um realismo muito positivo, o que acaba fazendo com que o público compre outras situações do filme, faz com que eles acreditem que é real. Quer dizer, se nós fizéssemos perseguições de carros com CGI, que parecessem falsas, que parecessem feitas em computador, isso poderia afetar até mesmo a parte dramática da história. Como você embarca emocionalmente em um mundo em que coisas como dirigir são artificiais? Como você compra esses personagens? Foi muito importante para mim poder usar efeitos práticos aqui", continuou Shawn.
Outro ponto importante do filme é a quantidade de gêneros que ele engloba, passando da comédia para a ação, e da ação para o suspense num estalar de dedos. E isso foi uma grande preocupação da direção. "Essa mudança de tons foi algo que mexeu bastante comigo, porque o filme é uma montanha-russa emocional. E eu comecei escrevendo a comédia, porque é um jeito excelente de inserir personagens de forma ágil, por meio do humor. É quase como um truque de mágica. Inclusive, eu sempre falo para o pessoal contratar roteiristas de comédia para escreverem dramas, porque eles trabalham muito em cima de personagens. Então, assim, em um mundo em que a gente vai da ação ao drama, passando pela comédia, o importante é conseguir manter o respeito pelo lado emocional dos personagens e da trama. Se você mantiver os pés no chão dentro dos dramas da personagem, o público vai comprar a ideia", explicou o diretor. "Esse filme é basicamente gente doida fazendo coisas malucas. E eu cresci em uma família pobre, que passava o tempo inteiro gritando. Era um caos [risos]. Então, assim, era muito engraçado, mas se você olhasse para fora e visse as outras famílias tradicionais, talvez a gente parecesse meio triste, sabe? Isso me inspira até hoje", completou.
O realizador comentou sobre trabalhar com Samara Weaving, que vem se destacando em filmes de terror e ação nos últimos anos. "A Samara é uma atriz completa. Assisti seu trabalho em 'Casamento Sangrento' e fiquei encantado. Ela é uma heroína que sabe trabalhar o humor. É incrível. E ela chegou para trabalhar conosco muito pronta. Ela é uma daquelas atrizes que você pode chamar para gravar agora, que ela vem, faz seu trabalho e vai embora. E é algo tão incrível que a equipe comenta por dias sobre as cenas. E ela contribuiu muito para construir a Edie, sabia? Ela trouxe muitas peças para a gente construir esse quebra-cabeças maluco ao fim do fim. Foi uma parceria fantástica!", comentou.
Simmons foi todo elogios à química desenvolvida em cena entre Samara e Andy García. "Foi espetacular! Eles se entenderam muito bem em cena. E há uma sequência só entre eles ao fim do filme, que é meu momento favorito do longa. Acho que aquilo ali é a síntese, a alma de 'Motorista de Fuga'", concluiu.