Por: Affonso Nunes

Sucesso, teu nome é João Bosco

João Bosco reúne banda de peso para revistitar seus maiores sucessos e canções de sua safra mais recente | Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Cantor e compositor retorna ao Circo Voador após dez anos em show que passa sua vitoriosa carreira a limpo

Quase uma década depois de sua última apresentação completa no espaço, João Bosco retorna ao palco do Circo Voador neste sábado (29) para um show que revisita uma trajetória de incontáveis sucessos ao longo de cinco décadas. Mas como o cantor e compositor não deita se acomoda e segue ativo em estado de criação permanente, a apresentação reserva também espaço para faixas do disco "Boca Cheia de Frutas", seu trabalho mais recente e que lle rendeu o prêmio de Artista do Ano na 32ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira. Representante da novíssima geração do samba carioca, Mosquito faz participação especial.

Tímido no convívio pessoal, o artista é um gigante nas apresentações ao vivo, com uma presença de palco e domínio técnico que hipnotizam plateias. Natural de Ponte Nova, no interior de Minas Gerais, construiu uma carreira sólida a partir da lendária parceria com o carioca Aldir Blanc (1946-2020). Canções como "O Bêbado e a Equilibrista" (hinho da resistência democrática durante os anos de chumbo), "O Mestre Sala dos Mares", "Bala com Bala", "Kid Cavaquinho" e "Falso Brilhante" são sucessos incontornáveis.

Conhecido por sua técnica peculiar ao violão, João Bosco desenvolveu ao longo dos anos um estilo que mescla virtuosismo e musicalidade num estilo único que combina o dedilhado preciso da bossa nova com elementos percussivos do samba, incorporando fraseados flamencos e harmonias complexas. A força de sua mão direita, capaz de criar batidas sincopadas e texturas rítmicas sofisticadas, faz do violão em instrumento de base e solo simultaneamente, uma orquestar em seis cordas. Como intérprete, sua voz de timbre grave e uma dicção só sua completam o brilho de cada apresentação.

Acostumado a shows em voz e violão, desta vez o músico estará acompanhado por uma banda cuja formação reúne nomes estabelecidos da cena instrumental brasileira: Ricardo Silveira (guitarra), Guto Wirtti (baixo), Kiko Freitas (bateria), Armando Marçal (percussão) e o maestro Cristóvão Bastos (teclados).

A noite terá também a estreia da Feirinha do Pavuna no Circo Voador. A roda de samba itinerante, que nasceu na Praça Copérnico, é liderada por Thauan El Pavuna transita entre clássicos consagrados e composições próprias, reunindo artistas que se autodenominam "Os Batuqueiros da Linha 2" e que buscam afirmar uma identidade autoral dentro da tradição sambista carioca.

Antes e depois das apresentações musicais, Marcelinho da Lua assume as pick-ups do espaço. A programação coincide ainda com o lançamento da exposição "Enroscados", da artista visual Angela Bosco, que ficará em cartaz por um mês. O trabalho desenvolvido durante o período de isolamento da pandemia, utiliza arame como matéria-prima principal. "Torci, entortei e enrosquei o ferro em curvas, espirais e dobras. Foi assim que consegui produzir pequenos objetos que apelidei de 'enroscados'. Esta exposição tem um caráter emotivo para mim. Afinal, foi a Maria Juçá quem me convidou para exibir meus bonecos em papel marchê, pela primeira vez, no Circo Voador, muitos anos atrás", conta a artista, mulher de João Bosco.

SERVIÇO

JOÃO BOSCO

Circo Voador (Rua dos Arcos, s/nº, Lapa)

29/11, a partir das 20h (abertura dos portões)

Ingressos esgotados