Por: Affonso Nunes

Tia Surica: 85 anos em azul

Tia Surica: uma vida devotada à Portela | Foto: Divulgação

Balurte da Portela comemora aniversário com convidados neste sábado no Teatro Rival Petrobras

Neste sábado (22), Tia Surica, que completou 85 anos nesta segunda-feira (17), sobe ao palco do Teatro Rival Petrobras para compartilhar com o público uma trajetória que se confunde com a história do samba carioca. A baluarte portelense reunirá convidados que fazem parte de sua vida, amigos e frequentadores do Cafofo da Tia Surica, espaço que se tornou referência da tradição sambista da Zona Norte.

Integrante da Velha Guarda da Portela desde 1980, Iranette Ferreira Barcellos construiu uma carreira de mais de seis décadas dedicada à preservação e difusão do samba tradicional portelense. Na zul e branco de Oswaldo Cruz foi passsista, baiana e a primeira mulher a interpretar um samba-enredo na avenida, em 1966. Em 2022, voltou a fazer história ao assumir a presidência de honra da escola, tornando-se novamente a primeira mulher a ocupar o cargo.

Sua feijoada cantada em verso e prosa foi certificada como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro. O Cafofo da Surica, onde a tradição culinária e musical se encontram, já recebeu personalidades políticas e culturais, consolidando-se como um espaço vivo de resistência e memória afro-brasileira. Atualmente, o espaço passa por reformas para melhor acolher as tradicionais rodas de samba que fizeram história em Madureira.

O show deste sábado apresentará um repertório que atravessa seus três álbuns solo: "Tudo Azul" (gravado em 1999 com produção de Marisa Monte), "Surica" e "Conforme Eu Sou", lançado aos 80 anos de idade. Entre os sambas que marcarão a noite estão clássicos do universo portelense como "Lama" de Mauro Duarte, "Preciso me encontrar" de Candeia, "Que lugar" de Argemiro e "Quantas lágrimas" de Manacéa. A seleção das músicas reflete seu compromisso com os grandes compositores da Portela que ela diz ser uma missão.