Por: Pedro Sobreiro

Felipe F. em busca do próprio lugar

Felipe F. diz escutar de tudo, o que se reflete em seu processo criativo | Foto: Divulgação

O cantor e compositor Felipe F. lança oficialmente "Dois", seu álbum de estreia, nesta quarta-feira (19), no Manouche. O espetáculo é fruto de apresentações intimistas no Indecente Café, em Santa Teresa, durante o mês de setembro. Tudo para amadurecer as canções que, até então, existiam apenas em estúdio. Esses "shows em processo", como define, serviram de preparação para o grande encontro com o público, que contará com as participações especiais de Moreno Veloso e Ludom.

Para Felipe, o lançamento de um disco representou um aprendizado sobre sua identidade artística.

"Até então, na minha carreira, eu estive sempre envolvido no processo até o lançamento. Produzindo, tocando. Então, aprender a entender meu lugar como artista, achar uma voz, uma identidade, tem sido um processo bonito", revela. Ele reconhece que não havia uma estratégia muito definida em fazer shows menores antes do lançamento oficial, mas a escolha se mostrou acertada: "acabou sendo uma excelente situação para me apoderar das minhas próprias canções".

A escolha do nome "Dois" para um primeiro álbum carrega uma ironia proposital. As músicas foram compostas a partir de duas relações amorosas vividas pelo artista, e ele confessa que "essa pequena confusão me agrada". O disco se destaca pela versatilidade musical, transitando entre gêneros sem compromisso com rótulos.

"Eu escuto uma diversidade colossal de gêneros musicais e isso acaba, naturalmente, transparecendo nas minhas composições", explica Felipe, que no mesmo dia pode ouvir sambas-canções brasileiros antigos e synthpop norueguês.

Essa diversidade é explícita em "Samba Elegia", faixa que o artista destaca como síntese de sua proposta. A canção mescla a tradição do samba com beats eletrônicos e guitarras distorcidas, criando uma sonoridade agressiva sem perder a doçura melódica. "Botei beats eletrônicos, guitarras distorcidas. Mas sem subverter ao ponto de não se reconhecer que é um samba", define. A letra ácida completa a tensão entre forma e conteúdo.

Após o show no Manouche, o artista planeja se dedicar às composições que ficaram de lado durante o processo de divulgação, já maquinando um segundo álbum. Será que se chamará "Três"?