Pianista Adriano Grineberg finaliza projeto dedicado ao compositor baiano com álbum que mescla tradição e releitura contemporânea
A poesia do mar encontra nova respiração. Adriano Grineberg, pianista, cantor e pesquisador de sonoridades, acaba de lançar "Uma Ode a Dorival Caymmi", trabalho que encerra um ciclo de imersão nas canções praieiras do compositor baiano. O disco, já nas plataformas digitais, é para o artista um desdobramento de "Eufótico", álbum lançado no início de 2024 e inteiramente dedicado ao universo caymmiano.
"Caymmi sempre falou da vida com a delicadeza de quem escuta o vento. Suas canções são como águas que mostram, que acolhem, que ensinam o tempo de cada coisa", reflete o músico, ao falar do novo projeto.
Se no álbum anterior Grineberg explorou as águas calmas e transparentes do cancioneiro do mestre baiano, agora as melodias de Caymmi são ressignificadas. Grineberg não se contenta em reverenciar e decide recriar. O resultado são sete faixas que transitam entre o lirismo das canções de mar e uma pulsação rítmica mais incisiva numa pegada bluesy. A abertura do álbum fica por conta de "A Jangada Voltou Só", com participação de Danilo Caymmi — filho do homenageado — nos vocais e na flauta transversal, numa espécie de bênção familiar ao projeto.
Grineberg reuniu artistas de diferentes gerações para compor o disco. Alaíde Costa, nome fundamental da bossa nova, empresta delicadeza a "Quem Vem pra Beira do Mar". Já Lazzo Matumbi traz energia e alegria em "Samba da Minha Terra", enquanto Nasi, vocalista do IRA! e com quem Grineberg trabalhou por anos, confere tom grave e dramático à "Canção da Partida".
Ao fundir o mar de Caymmi com a linguagem do blues e outras sonoridades, Grineberg demonstra como a tradição permanece viva ao dialogar com os novos ares.