Por: Affonso Nunes

Ludom canta vulnerabilidade e resistência

Cantora assume nova identidade artística neste trabalho | Foto: Divulgação

Cantora e historiadora lança segundo disco sete anos após estreia, reunindo 11 faixas que misturam MPB, afro-jazz e pop em reflexão sobre trajetórias pessoais e coletivas

Sete anos separam "Liberte Esse Banzo", de 2018, do novo trabalho que a cantora, compositora e historiadora Ludom disponibilizou nas plataformas digitais no início deste mês. O álbum homônimo, lançado pelo selo Toca Discos com distribuição da Universal Music Brasil, marca uma transformação tanto no nome artístico da musicista - anteriormente conhecida como Luciane Dom - quanto na abordagem sonora e temática de sua obra. Natural de Paraíba do Sul e radicada no Rio, a artista formada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sempre entrelaçou sua formação acadêmica com a criação musical, explorando questões de ancestralidade, feminilidade e identidade.

Com 11 faixas que transitam entre MPB, hip-hop, gospel e afro-jazz, "Ludom" condensa as experiências acumuladas pela artista ao longo da última década, período em que realizou turnês no Brasil, Canadá, Chile, Colômbia e Estados Unidos. A produção musical coletiva, assinada por Felipe Rodarte, Davidson Ilarindo, Rodrigo Ferreira e Theo Zagrae, contou com direção artística de Constança Scofield e participação especial de Bia Ferreira na faixa "As Coisas São".

O álbum explora temas como término de relacionamentos, esgotamento mental, questões existenciais e injustiças sociais, construindo uma narrativa que oscila entre o individual e o coletivo. "Esse disco nasceu num momento de grande transição. Fui lidando com o fim de alguns ciclos e aprendendo a ser mais franca comigo mesma, a abraçar tanto as minhas fraquezas quanto as minhas potências. Tudo faz parte", disse a cantora ao site da Universal Music.

Antes do lançamento completo, Ludom apresentou dois singles. "Toda Intensa", divulgada em agosto, mergulha na vulnerabilidade do amor e no medo que acompanha a entrega afetiva. A gravação teve início no Canadá, quando a cantora improvisou ao piano e o produtor Simbo sugeriu o uso do recurso de reverse. Já "Calôbaixô", lançada em setembro, traz uma atmosfera sensual de R&B e dialoga com o universo noturno e os encontros que habitam a madrugada.

"Falar sobre vulnerabilidade, pra mim, é também uma forma de resistir. Ainda esperam da mulher negra uma força quase inumana, que em muitos momentos já nem me parece saudável", desabafa a artista.