Por: Affonso Nunes

Sonoridades expandidas do Molho Negro

'VidaMorteConteúdo' marca a estreia do power trio paraense no selo Deck | Foto: Caio Brito/Divulgação

Referência do indie rock, o power trio paraense questiona excessos da era digital em seu quarto álbum

Treze anos depois de sua formação em Belém do Pará, a Molho Negro chega ao quarto álbum de estúdio com uma proposta que amplia seus horizontes sonoros, mas sem abrir mão do jeitão garage rock que consolidou o power trio na cena do indie rock brasileiro. Já disponível nas plataformas digitais, "VidaMorteConteúdo" (Deck) nasceu de um processo criativo diferente para a banda, por uma recomendação do diretor artístico Rafael Ramos.

"Ele sugeriu que a gente compusesse mais músicas para depois escolher as que entrariam no álbum e isso já fez uma super diferença", comentou o vocalista e guitarrista João Lemos, um dos fundadores do grupo ao lado de Augusto Oliveira (bateria e voz) e Raony Pinheiro (baixo e voz).

Essa metodologia permitiu ao trio trabalhar com maior liberdade na construção de um fio narrativo que atravessasse o disco que traz como pano de fundo questões urgentes como a hiperconectividade, o excesso de telas e a precarização do trabalho - temas que permitem ao grupo abordar casos da vida real com ironia e sarcasmo, como em seus trabalhos anteriores "Lobo" (2014), "Normal" (2018) e "Não é Nada Disso Que Você Pensou" (2017).

Conhecida por mesclar influências do garage rock ao skate punk, com referências a bandas como Danko Jones e Black Rebel Motorcycle Club, a Molho Negro experimenta novas sonoridades neste lançamento. A faixa "Bombas e Refrigerantes" incorpora elementos eletrônicos e samples. E "Claustrofobia" apresenta uma massa sonora mais densa e pesada do que os álbuns anteriores. Movimentos que expandem o vocabulário musical do trio paraense sem descaracterizar a energia crua e os riffs contundentes que fizeram sua história.