Cantor e compositor mineiro reúne septeto internacional para registro ao vivo que celebra o improviso
O músico mineiro Luiz Gabriel Lopes, o LUIZGA, acaba de lançar "luizga electric microbigband - live in lisbon", um álbum que documenta a experiência de seis meses de residência artística na capital portuguesa. O registro, disponível em plataformas digitais e em vídeo pela Gris Gris Records (Portugal/Países Baixos), foi captado ao vivo no espaço Bota Anjos e representa um momento de virada na carreira do artista, que ainda colhe o reconhecimento internacional após o lançamento de "Yemamaya" (2025), produzido em parceria com o francês iZem.
A proposta do projeto nasceu do desejo de ampliar as possibilidades sonoras através de uma formação mais robusta. O septeto que acompanha LUIZGA reúne talentos do Brasil, Portugal, Países Baixos e França: Jori Collignon (teclados e eletrônica), Bárbara Rodrix e Beatriz Nande (vocais), Afrogame e Theu Nasci (percussão) e Femme Falafel (teclados e coros).
Veterano da cena musical mineira, onde se destacou à frente dos grupos Graveola e Rosa Neon, o cantor já havia conquistado espaço em festivais europeus de prestígio, como o FMM Sines e o Roskilde Festival, na Dinamarca. "Tinha vontade de voltar a trabalhar com um grupo maior de músicos e potencializar os arranjos através da performance ao vivo. Gravar este álbum foi uma exaltação da diversidade que todos nós carregamos em nós e do poder da música como linguagem universal".
O repertório equilibra criações próprias e releituras afetivas. Estão presentes canções autorais como "Pé da Laranjeira", "Colo" e "Arqueiro Voador", ao lado de "Embalagem", sucesso do Rosa Neon. O disco também traz versões de "Alguém Cantando", de Caetano Veloso, que abre o álbum, e "Que cor Tem Lá?", composição de Nanan e Gustavito. Destaque para "Ora Bom Dia", inédita do artista cabo-verdiano Orlando Pantera, lançada como single em setembro.
A opção por manter a espontaneidade do registro ao vivo foi deliberada. "É um disco sem conservantes", define LUIZGA. "Quis preservar o som orgânico, o improviso, o que faz da música uma experiência humana". O resultado é um trabalho que respira, que aceita as imperfeições como parte da narrativa e que captura a energia do momento compartilhado entre músicos e público. Cada faixa funciona como um elo entre continentes, conectando referências africanas, brasileiras e europeias, mesclando instrumentos acústicos e eletrônicos, vozes coletivas e pausas contemplativas.