Trio carioca lança "Mandinga Beat Novo" apostando no afrofuturismo e celebra com show gratuito no Sesc Tijuca ao lado de Larissa Luz
O trio carioca Mandinga Beat chega ao cenário musical brasileiro com uma proposta que desafia fronteiras temporais e geográficas. O álbum de estreia, "Mandinga Beat Novo", materializa uma estética que o grupo define como Afrofusion psicodélica, onde batidas eletrônicas dialogam com instrumentos orgânicos para criar uma experiência sonora que celebra tanto a ancestralidade quanto uma visão de futuro. O trabalho, que será apresentado em show gratuito nesta quarta-feira (22) de outubro, às 19h30, no Sesc Tijuca, conta com a participação especial de Larissa Luz, cantora, compositora e apresentadora.
Com onze faixas que funcionam como pontes entre diferentes continentes, o álbum reúne colaborações internacionais reafirmando sua propsta de diásspora musical. Dandy BJ, do Benin, e Lenna Bahule, de Moçambique, somam-se à brasileira Iara Rennó no projetos. A produção musical, assinada por André Sampaio e Joss Dee, explora territórios onde o eletrônico e o acústico não se opõem, mas se complementam na construção de paisagens sonoras dançantes e imersivas.
Construído sobre uma base de afro house downtempo que incorpora elementos de ijexá e samba, a faixa "Kafofo" é uma declaração de amor afrocentrada cuja intimidade do sentimento se expressa através de referências linguísticas que resgatam a herança bantu presente no português falado no Brasil. "Trazer essas palavras para o centro da canção é um ato de celebração da nossa herança linguística africana", afirma Victória. "É sobre reconhecer que a nossa forma de amar e de expressar carinho tem raízes profundas. E, claro, a inspiração veio de um lugar muito real. Eu compus 'Kafofo' como quem entrega o coração pra alguém. Sabe aquela vontade de largar tudo e morar com a pessoa amada? Vênus em Câncer apaixonada é um perigo!", brinca.
A dimensão diaspórica do projeto é reforçada pela presença de Melo-T, produtor zimbabuano radicado no Canadá e especialista em Afro Fusion e Amapiano, gênero sul-africano que tem conquistado espaço global. "O encontro com o Melo-T no nosso estúdio foi a peça que faltava", relembra Joss Dee, que além de integrar o Mandinga Beat assina produções para artistas como Luedji Luna e Okupiluka. "Ele trouxe uma camada de texturas e programações que conectou o Rio de Janeiro diretamente com a diáspora africana global. Essa troca é a essência do Mandinga Beat", completa Dee.
O guitarrista e produtor André Sampaio explica que a busca por uma sonoridade que equilibrasse elementos eletrônicos e orgânicos foi central no processo criativo. "A gente queria que a batida eletrônica conversasse com o calor dos instrumentos orgânicos, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo dançante e íntima. É uma trilha para se conectar, seja na pista ou a dois", define Sampaio, apontando para a versatilidade de escuta que o álbum propõe, transitando entre a experiência coletiva da pista de dança e a intimidade que só a escuta individual permite.
O conceito de "Kafofo" como espaço seguro para a celebração desse amor preto perpassa não apenas a letra, mas toda a construção sonora da faixa. "Nós criamos 'Kafofo' para ser um lugar seguro, um espaço sonoro onde o amor preto é celebrado com a leveza e a profundidade que ele merece", define o trio, apontando para a dimensão política de criar representações afetivas que centrem experiências negras, historicamente marginalizadas nas narrativas hegemônicas sobre amor e intimidade.
O show de lançamento, que integra o projeto Sesc Nova Música Convida, terá a presença de Larissa Luz, conhecida por trabalhos que também investigam as intersecções entre tradição e contemporaneidade na música negra brasileira.
SERVIÇO
MANDINGA BEAT*
Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca)
22/10, às 19h30
*Ingressos gratuitos, disponíveis na bilheteria (sujeito à lotação)