Ed Motta sinfônico

Acompanhado por orquestra, cantor e compositor se apresenta pela primeira vez no Theatro Municipal

O encontro entre a sofisticação do soul e do jazz com a grandiosidade de uma orquestra sinfônica marca a estreia de Ed Motta no Theatro Municipal. Neste domingo (19), o cantor e compositor sobe ao palco do mais prestigiado teatro da cidade acompanhado pela Orquestra MPB Jazz, sob a regência de Renato Coelho, para apresentar seu repertório consagrado em arranjos orquestrais.

Ed Motta construiu ao longo de sua trajetória uma linguagem musical notável, que transita com naturalidade entre o soul clássico, o jazz fusion, o R&B e a MPB, sempre com refinamento harmônico que o distingue na cena musical brasileira. Desde os tempos da Conexão Japeri, nos anos 1980, até sua consolidação como solista, desenvolveu um vocabulário musical que bebe em fontes como Stevie Wonder, Earth Wind & Fire, Prefab Sprout e os mestres do jazz, filtrado por uma sensibilidade única. Essa busca constante pela excelência musical e pela inovação dentro da tradição encontra no formato orquestral um terreno fértil para revelar novas dimensões de suas composições.

O repertório do concerto reúne canções que marcaram diferentes fases da obra do artista e parcerias que se tornaram referência na música brasileira. Entre os destaques estão "Colombina" e "Fora da Lei", ambas em parceria com Rita Lee, "Sos Amor", "Outono no Rio" (com Ronaldo Bastos) e "Daqui pro Méier" (com Chico Amaral). A presença de "Colombina" no programa tem significado especial para Ed Motta, que sempre reverencia a parceira falecida em maio de 2023. "Tive a honra e a benção de ser parceiro de Rita Lee em muitas músicas. Ela compôs a letra da minha música que mais toca", comentou o cantor em entrevista à CNN Brasil. "Nós tínhamos personalidades parecidas, como gostar de ficar em casa e não gostar de frequentar a casa um do outro. Todas essas músicas que fizemos, a gente nunca se encontrou para fazer", comparou.

Apesar do sucesso estrondoso de "Colombina" e outras faixas de seu aclamado "Manual Prático para Festas, Bailes e Afins" (1997), o artista não se guia pela busca de popularidade e passou a evitar o pop, fazendo apostas musicais mais ousadas a partir de harmonias sofisticadas. Essa fase mais arrojada de sua carreira também estará representada no show, com faixas que revelam a capacidade do músico de revisitar gêneros clássicos e vesti-los com roupagens contemporâneas. Essas canções, que originalmente carregam a assinatura do diálogo entre soul, jazz e funk característico do artista, ganham nova dimensão com a massa sonora da orquestra, que explora toda a riqueza dos sopros e cordas para expandir cada composição.

Ed confessa estar adorando a experiência de cantar acompanhado por uma orquestra. "É como viver dentro de um filme em tempo real, onde cada acorde tem cor e textura, com uma massa sonora sofisticada. É uma satisfação imensa poder apresentar minhas músicas e ver a recepção positiva do público", destaca. Com sua voz inconfundível e presença magnética, ele conduz a plateia por diferentes fases de sua obra, enquanto os músicos da Orquestra MPB Jazz criam uma experiência que aproxima groove, sofisticação e a energia única das apresentações ao vivo.

A Orquestra MPB Jazz vem se destacando por sua capacidade de unir a linguagem da música popular brasileira à sonoridade orquestral. O grupo, regido pelo maestro Renato Coelho, é conhecido por aproximar a música popular brasileira das linguagens do jazz e da música instrumental, tendo já apresentado seu trabalho para cerca de 20 mil pessoas em oito shows no Rio de Janeiro, dividindo o palco com nomes consagrados como Ivan Lins, João Bosco, Elba Ramalho, Jorge Vercilo e Diogo Nogueira.

O maestro Renato Coelho, idealizador e regente da Orquestra MPB Jazz, ressalta a importância desses encontros musicais. "A cada encontro, a Orquestra MPB Jazz transforma o palco em um espaço de celebração e descoberta. Ao lado de grandes nomes da nossa música, surgem momentos únicos, onde a emoção da MPB se entrelaça com a liberdade criativa do jazz. É como se clássicos ganhassem novas cores, novos ares, tocando fundo no coração de quem escuta. O sucesso dessa série não está apenas nas plateias cheias, mas na energia compartilhada, nos sorrisos, nos aplausos de pé e na certeza de que a música tem o poder de unir gerações, renovar memórias e criar experiências inesquecíveis", afirma o maestro.

SERVIÇO

ED MOTTA E ORQUESTRA MPB JAZZ

Theatro Municipal (Praça Floriano, s/nº - Cinelândia) | 19/10, às 18h