O JClub da Casa Julieta de Serpa inicia nesta sexta-feira (3), às 21h, a 11ª edição do projeto Bossa Nova e MPB in Concert com o espetáculo "Theo canta Chico", do cantor e compositor carioca Theo Bial. O show marca a abertura de uma temporada que se estenderá até 7 de novembro, sempre às sextas-feiras, no palco intimista da Praia do Flamengo com sua acústica privilegiada.
Aos 27 anos, Theo apresenta um trabalho inspirado em seu terceiro álbum solo, lançado em junho deste ano, que revisita a obra de Chico Buarque com arranjos que unem frescor contemporâneo e profundo respeito às melodias originais. Autoproclamado filho da bossa nova e do samba, Theo já demonstrava essa filiação em seus trabalhos anteriores, os álbuns autorais "Vertigem" (2022) e "Neo-Bossa" (2023). Agora, no entanto, se debruça inteiramente sobre a obra de um autor que sempre circulou entre a bossa e a MPB.
A ideia nasceu em 2019, com um show dedicado a Chico e Tom Jobim, apresentado na Casa da Glória. A semente plantada germinou em sucessivas apresentações, inclusive em temporadas no Blue Note Rio e São Paulo, além de passagens internacionais que incluíram shows em Tóquio ao lado de Roberto Menescal e Lisa Ono até brotar neste álbum de 15 faixas com interpretações sem qualquer exagero. Aqui o menos é mais.
Gravado com espírito de roda de samba, o disco traz arranjos criados em parceria com os irmãos Raoni e Guido Ventapane, netos de Martinho da Vila. O trio fez as bases ao vivo, em clima festivo e comunitário, com panelões de comida no estúdio e gravações concentradas em poucos dias. "Não tem bateria, é tudo percussão. Queríamos um som no esquema do Fundo de Quintal", explica Theo. O resultado é um disco que evoca as rodas do subúrbio, mas resgata não abre mão das sofisticadas harmonias da obra do maior compositor brasileiro vivo.
O repertório destaca clássicos como "Homenagem ao Malandro", "Quem Te Viu, Quem Te Vê" e "Essa Moça Tá Diferente", canções que Theo já incorporava ao repertório desde os tempos de barzinhos e noites em Ipanema. "É um repertório que exige atenção ao texto, respeito à melodia. Eu não sou um intérprete teatral. Quero cantar as notas certas e dizer as palavras com clareza", avisa o cantor.
No palco, Theo mostra seu lado instrumentista, tocando violão em todas as faixas e cavaquinho em algumas delas - este último, aprendido de forma autodidata. "O violão é parte da minha identidade, e a linguagem dele é de bossa nova", define.
A relação com Roberto Menescal, que o convidou para sua turnê japonesa, trouxe ainda mais consistência a essa vertente musical. O artista está em constante lapidação de sua expressão vocal, estudando canto com Eveline Hecker, que integrou por anos a Banda Nova de Tom Jobim.
O álbum teve direção artística de Martinho Filho, das irmãs Analimar Ventapane e Mart'nália, e produção musical do próprio Theo. O projeto também conta com participações especiais de nomes como Vidal Assis e Vinícius Guimarães, além de músicos experientes como Adriano Giffoni e Adriano Souza, criando pontes entre diferentes gerações da música brasileira.
A curadoria do projeto Bossa Nova e MPB in Concert, assinada por Hildo de Assis e Izabel Rabello, segue valorizando a diversidade da música brasileira. "Nosso objetivo é seguir oferecendo uma programação plural, que abrace diferentes estilos, gerações e perfis da nossa música", afirma Hildo. Para Izabel, o projeto reforça sua vocação de revelar novos talentos: "Queremos que o público se sinta em casa, que jovens e adultos tenham a chance de viver a potência da música brasileira em um espaço intimista e acolhedor como o JClub".
Nas próximas sextas a casa receberá as apresentações Bixarte (10/10), Antonia Medeiros (24/10), Maria Mauad (31/10) e Sophie Charlotte e Tom Veloso (7/11). Como parte do projeto, Marcelle Motta fará show gratuito, no dia 16 deste mês, ás 19h, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB).
SERVIÇO
THEO BIAL - THEO CANTA CHICO
JClub (Praia do Flamengo, 340) | 3/10, às 21h | Ingressos: R$ 120 e R$ 60 (meia)