Por: Affonso Nunes

Joséd Miguel Wisnik, uma usina de experimentos no Espaço BNDES

José Miguel Wisnik explora camadas distintas da canção em 'Vão' | Foto: Bob Wolfenson/Divulgação

José Miguel Wisnik retorna aos palcos cariocas nesta quinta-feira (31), às 19h, no Espaço Cultural BNDES, para apresentar seu mais recente trabalho, o álbum "Vão". O compositor e ensaísta, reconhecido tanto por sua produção musical quanto por seus ensaios sobre cultura brasileira, propõe neste novo álbum uma experiência sonora que dialoga com diferentes gerações e estilos da música nacional, criando pontes entre o clássico e o contemporâneo.

O trabalho foi é fruto de uma colaboração a quatro mãos com o produtor Alê Siqueira, que vive em Portugal. "Atualmente ficou muito comum gravar à distância, com músicos que estão em outras cidades e têm seus próprios estúdios. Alê mora em Portugal e trabalhou de lá, sem problemas. As distâncias e o isolamento trouxeram restrições, principalmente, é claro, para a realização de shows, mas expandiram os modos de interação à distância", explica Wisnik.

O disco se caracteriza por um exercício de intertextualidade musical que vai de Tom Jobim ao BaianaSystem, construindo uma espécie de jogo labiríntico com outras canções. Essa indefinição estética revela uma das mais importantes facetas de Wisnik: a recusa a classificações rígidas. Temos ao longo de toda sua trajetória, um compositor comprometido em levar ouvinte a experiências mais complexas.

No BNDES, Wisnik estará acompanhado de Alexandre Fontanetti (guitarras), Swami Jr (baixo e violão), Alexandre Ribeiro (clarinete e clarone) e Sérgio Reze (bateria). O espetáculo contará ainda com a participação especial das cantoras Marina Wisnik, sua filha, e Celsim.

A trajetória de Wisnik como compositor sempre esteve entrelaçada com sua atuação como pensador da cultura brasileira. Professor e autor de ensaios fundamentais como "O Som e o Sentido" e "Veneno Remédio", o artista transita entre a criação musical e a reflexão teórica. "Entrei no curso de Letras querendo ser músico e escritor, e saí professor de literatura. As coisas eram conflitantes pra mim na época. Achei que ser músico exigia se dedicar exclusivamente à música e que, portanto, eu não tinha o direito de ser músico. Com o tempo vi que as coisas são mais fluidas. Chico Buarque é compositor e romancista, Caetano é compositor e ensaísta, Arnaldo Antunes, Cacaso, Wally Salomão, Alice Ruiz, são poetas do livro e da canção, Antonio Cícero também... Essa acaba sendo uma característica da cultura brasileira", reflete em entrevista ao portal Scream & Yell.

SERVIÇO

JOSÉ MIGUEL WISNIK - VÃO

31/7, às 19h

Espaço Cultural BNDES (Av. Chile, 100)

Entrada franca mediante retirada de senha a partir das 18h30