Quando você tem um ídolo, ele se torna imortal e atemporal. Nesta tarde e noite de terça, dominado pela tristeza, pensei muito em Ozzy Osbourne, uma figura mundial que está em minha vida desde meus catorze anos. Minha ilusão de garoto sempre se manteve: Ozzy jamais morreria. Infelizmente não é verdade, porque aí vem a sentença de outro gênio, George Harrison: "all things must pass". Todas as coisas devem passar. Outro gênio, Gilberto Gil: "no meu caminho inevitável para a morte".
Em 2013 realizei meu sonho ao ver o Black Sabbath de perto no Sambódromo, que adoro. Um show monumental, apesar da ausência do baterista Bill Ward. Durante a apresentação eu ia e voltava no tempo, até lembrar de grandes audições de discos do Sabbath na casa do velho Fred, meu querido amigo que sabia tudo de música, lá pelas bandas de 1984, antes do primeiro Rock in Rio. "Bark at the moon" explodiu nas rádios cariocas, em Copacabana a guitarra de Jake E. Lee soava alto em qualquer esquina.
Ozzy Osbourne não está na história "apenas" por inventar o heavy metal com o Black Sabbath, o que já seria muito. Ele está na galeria dos maiores artistas de todos os tempos, dentro e fora do rock. Atravessou sua vida inteira com sucesso e reconhecimento dos fãs. Vinte dias antes de sua morte, com locomoção restrita, ele fez o showzaço de despedida da banda. Sua energia contagiou a todos. Era o grand finale, mas poucos imaginavam. O fã sempre quer mais, naturalmente.
Ozzy Osbourne se foi. O mundo sentiu. Até nos lugares mais improváveis para o heavy metal, seu nome foi comentado. Ninguém atravessa meio século de sucessoimpunemente.