Já disponível nas plataformas de streaming, o álbum "Ricardo Bacelar ao Vivo no Cineteatro São Luiz" marca o terceiro registro ao vivo na carreira do artista cearense. Neste trabalho, o músico reafirma sua trajetória de valorização da música brasileira, explorando novas nuances a partir de interpretações contemporâneas.
Gravado no tradicional Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, o espetáculo contou com a participação de um sexteto, reunindo no repertório faixas importantes dos discos mais recentes de Bacelar. "Neste espetáculo, faço uma ode à música brasileira e conto um pouco da minha história de vida, das minhas composições. Fiz um apanhado dos discos 'Congênito' e 'Andar com Gil', que gravei com a Delia Fischer, com a participação do Gilberto Gil", explica o músico.
Entre os destaques do novo álbum, está uma releitura de "Totalmente Demais", clássico do Hanoi Hanoi, grupo do qual Bacelar fez parte, e mais tarde regravada por Caetano Veloso. "Nunca havia gravado 'Totalmente Demais' na carreira solo, somente com o grupo. Dei uma roupagem diferente e incluí no show. Minha longa experiência com o Hanoi contribuiu muito para a pessoa que sou. Fiz muitos shows com eles, às vezes mais de 200 num ano, o que me deu segurança no palco. Este é o primeiro disco ao vivo em que canto do início ao fim, e o Hanoi Hanoi foi fundamental nessa construção".
Também compõe o repertório a canção "Vício Elegante", última parceria de Bacelar com Belchior. "Foi a última letra que ele escreveu antes de partir. É uma canção com aquela melancolia característica do Belchior, mas com um arranjo que dialoga com o contemporâneo", narra.
O show ainda traz novas interpretações de músicas de Chico Buarque, Luiz Melodia, Lenine, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Adriana Calcanhotto. "Gosto de gravar músicas de outros autores com roupagens diferentes, senão seriam apenas covers. Melodias e letras devem ser respeitadas, mas é possível trazer novas contribuições, oferecer outros pontos de vista às obras", analisa Bacelar.
No palco, Bacelar também se destaca por sua versatilidade: além do piano, assume vocais, teclados, guitarra e percussão, prática recorrente nos álbuns que produz pelo selo Jasmin Music. "O piano é meu instrumento principal, outras coisas foram surgindo com o tempo. Egberto Gismonti disse certa vez que sou um instrumentalista, alguém que faz música em diversos instrumentos. O que importa é contribuir criativamente, fazer o que a música pede, não apenas mostrar técnica. O canto também é uma forma riquíssima de expressão".
Com seu Jasmin Studio, Bacelar segue investindo em projetos de música brasileira sofisticada. "Somos um país miscigenado, multicultural, onde a música é extremamente rica. É uma marca profunda da nossa cultura", afirma.
O álbum - captado com dez câmeras e mixado em Dolby Atmos - está disponível nas versões digital e física, incluindo também um vídeo-álbum com 12 clipes. O show foi exibido em primeira mão na TV Globo Ceará. "Nossa proposta era criar uma experiência cinematográfica que capturasse tanto a energia do palco quanto a intimidade das performances", explica Bacelar.
O lançamento foi simultâneo no Brasil, Japão, Estados Unidos e Portugal, reforçando o alcance internacional do artista, que em 2024 teve seis meses consecutivos entre os 50 álbuns mais tocados nas rádios de jazz dos EUA e realizou sua segunda turnê pelo Japão. Na sequência, Bacelar passou pelos lendários estúdios Abbey Road, em Londres, e agora se prepara para uma temporada de concertos e a gravação de um novo álbum em Beijing, na China.