Há 42 anos na estrada, o Capital Inicial se prepara para reviver um de seus momentos mais decisivos. Neste sábado (31), às 22h e com ingressos esgotados no Qualistage, a banda brasiliense sobe ao palco com a turnê comemorativa dos 25 anos de seu "Acústico MTV" — disco que redefiniu sua carreira e a posicionou entre os nomes centrais do rock brasileiro do início dos anos 2000. Gravado em 2000 no Teatro Mars, em São Paulo, o projeto foi o responsável por resgatar a popularidade do grupo após um período de baixa, consolidando uma guinada musical e comercial que alterou seu curso para sempre.
A celebração teve início em um evento especial realizado no mesmo teatro, onde tudo começou, em 12 de novembro do ano passado. Na ocasião, o grupo realizou um pocket show e participou de um bate-papo com a ex-VJ da MTV Sabrina Parlatore. Entre os músicos convidados estavam nomes presentes na formação original do "Acústico", como Kiko Zambianchi (violão e vocais) e Denny Conceição (percussão), além do produtor musical Marcelo Sussekind, que retorna à função nesta nova turnê. O evento marcou o pontapé da série de apresentações que passará por 25 cidades.
Fundado em 1982 por ex-integrantes da banda Aborto Elétrico, o Capital Inicial surgiu no cenário pós-punk brasiliense com forte apelo político e letras engajadas. Seu disco de estreia, lançado em 1986, trouxe sucessos como "Psicopata" e "Veraneio Vascaína", tornando-se um clássico do período. Ao longo dos anos 1990, no entanto, o grupo enfrentou mudanças de formação, queda na popularidade e dificuldades comerciais.
A volta de Dinho Ouro Preto aos vocais, em 1998, representou o início de uma nova fase. A partir dali, o grupo se reuniu para realizar alguns shows comemorativos e gravou o álbum "Atrás dos Olhos" (1998), com produção de David Z, conhecido por trabalhos com Prince e Billy Idol.
Foi nesse contexto que surgiu o convite para o "Acústico MTV". A proposta surpreendeu o grupo, que decidiu investir na ideia com empenho inédito: passaram quase dois meses ensaiando no Teatro Mars e optaram por uma abordagem musical crua, fiel às suas raízes. O repertório mesclava clássicos da fase inicial, faixas recentes e inéditas como "Natasha" e "Tudo que Vai", além de uma releitura de "Primeiros Erros", de Kiko Zambianchi. A gravação, feita em uma única noite, capturou o espírito introspectivo que os músicos buscavam — como se tocassem ao redor de uma fogueira, segundo definiu a banda na época.
Lançado em 2000, o disco transformou a trajetória do Capital. Em pouco tempo, as vendas se multiplicaram, os shows passaram a lotar ginásios e estádios, e o grupo alcançou uma nova geração de fãs. A performance no Rock in Rio de 2001 ampliou ainda mais esse impacto. O álbum ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas, foi amplamente pirateado e ainda assim continuou nas listas de mais vendidos. Até hoje, músicas como "Natasha" e "Primeiros Erros" seguem entre as mais ouvidas do grupo nas plataformas de streaming.
O sucesso inesperado reacendeu a produtividade do Capital, que passou a lançar discos com regularidade até a pandemia. Agora, ao olhar para esse ponto de virada, a banda propõe não apenas uma celebração nostálgica, mas uma oportunidade de reler sua história com a formação mais próxima possível daquela noite emblemática. A turnê conta novamente com Marcelo Sussekind na produção musical, cenografia assinada por Zé Carratu, Studio Curva e MangoLab, e desenho de luzes de Césio Lima.
Além dos shows, o grupo lançará um EP com faixas inéditas para acompanhar o projeto. Segundo Dinho Ouro Preto, "um marco como esse tem que ser celebrado", não apenas pela relevância do disco, mas por representar o momento em que o Capital encontrou nova identidade e público.
SERVIÇO
CAPITAL INICIAL | TURNÊ 25 ANOS ACÚSTICO
Qualistage (av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca)
31/5, às 22h
Ingressos esgotados
