Por: Affonso Nunes

Day Limms em uma travessia pelos labirintos do sentir

As faixas de Day evoluem como um percurso por SP | Foto: Cah Kokay/Diculgação

Com quatro faixas inéditas e produção assinada por nomes de peso da música pop contemporânea, Day Limms apresenta o EP "A Beleza do Caos", já nas plataformas digitais. O projeto reflete a ousadia sonora que marca a trajetória da artista, reunindo referências do pop alternativo, trap, R&B melancólico e hyperpop em uma narrativa densa.

O lançamento foi antecedido pelo single "Furta-cor", canção que funde paisagens internas e externas para compor um retrato musical da vida na cidade - e da jornada emocional que ela provoca.

Produzido por Los Brasileros, vencedores do Grammy, em parceria com DMAX, "A Beleza do Caos" é um trabalho conceitual que parte de uma ideia provocativa: se o caos precede a luz, é nele que a criação começa. Day nos que revisita o mito grego de Hesíodo, no qual o caos é entendido não como desordem, mas como origem e potência criadora. A proposta do EP é justamente ressignificar o caos moderno - aquele das buzinas, das curvas imprevistas e das colisões emocionais - como terreno fértil para transformação e autoconhecimento.

As faixas se desenrolam como um percurso pela cidade de São Paulo, cenário simbólico que atua tanto como espaço concreto quanto metáfora do estado de espírito da artista. Ruas, faróis, tropeços e descobertas funcionam como imagens recorrentes ao longo do repertório, e os elementos urbanos ganham dimensão emocional: sons de trânsito, semáforos piscando e a pressa cotidiana espelham conflitos internos e momentos de epifania.

Para Day, "A Beleza do Caos" acaba sendo mais que um título. O EP propõe uma escuta imersiva e emocional, em que a vulnerabilidade se transforma em força estética. Ao longo das quatro faixas, a artista transita entre momentos de introspecção e explosão.

A produção arrojada e a composição visceral revelam uma artista que encontra no caos urbano e existencial uma linguagem própria. "Se o caos veio antes da luz, então é em nós que ela nasce", resume Day, reforçando a intenção de transformar a experiência da escuta em uma jornada sensorial e espiritual.