Alaíde Costa lança nesta sexta-feira (9) "Uma Estrela Para Dalva", em homenagem à cantora Dalva de Oliveira. O trabalho será apresentado no mesmo dia, às 19h30, no palco do Teatro Rival Petrobras. Produzido por Thiago Marques Luiz e lançado pela gravadora Deck, o disco celebra o legado de uma das maiores intérpretes da música brasileira com releituras de clássicos que marcaram época, agora revisitados por grandes nomes da cena contemporânea.
O primeiro single, "Há um Deus", em dueto com o pianista Vitor Araújo, antecipa a densidade emocional e a delicadeza do repertório, que reúne canções eternizadas por Dalva. Conhecida como a "Rainha da Voz", Dalva de Oliveira atravessou gerações com seu timbre potente e interpretação visceral, tendo imortalizado sucessos como "Tudo Acabado", "Errei Sim" e "Bandeira Branca". Sua trajetória, iniciada nos anos 1930, alcançou reconhecimento internacional e incluiu apresentações marcantes, como a que fez na coroação da Rainha Elizabeth II, em Londres.
Alaíde reveste esse legado com arranjos sofisticados e participações especiais. Maria Bethânia divide os vocais em "Ave Maria no Morro" com o violonista João Camarero. Em "Sebastiana da Silva", os arranjos são assinados por Roberto Menescal e Yuri Queiroga. Já Amaro Freitas aparece em duas faixas: "El Día Que Me Quieras" e "Bandeira Branca".
Também participam do projeto músicos como Guinga, em "Bom Dia", Antonio Adolfo, em "Errei Sim", Cristóvão Bastos, em "Teus Ciúmes", e André Mehmari, que imprime sua marca em "Fim de Comédia". Filó Machado e Léa Freire recriam "Segundo Andar", enquanto Roberto Sion dá nova forma ao medley "Neste Mesmo Lugar/Tudo Acabado". Outros destaques incluem Edson Cordeiro e Gabriel Deodato em "A Grande Verdade", Alexandre Vianna em "Segredo/Calúnia", Gilson Peranzzetta em "Distância", José Miguel Wisnik em "Mentira de Amor" e Itamar Assiere em "Estrela do Mar".
Segundo Alaíde, o projeto realiza um desejo antigo. "Dalva sempre foi uma grande inspiração para mim. Poder prestar essa homenagem é algo que carrego há muitos anos. É uma oportunidade de manter viva a história da música brasileira", afirma. O produtor Thiago Marques Luiz, que acompanha a artista há duas décadas, reforça: "Este álbum é a forma mais bela de traduzir essa reverência. Reunimos uma equipe extraordinária, com músicos e intérpretes que trouxeram suas próprias emoções para cada faixa. É um presente para a nossa história musical".
No segundo semestre de 2025, "Uma Estrela Para Dalva" será lançado também em vinil, com uma seleção especial de 12 faixas, voltada para colecionadores e entusiastas do formato.
Alaíde Costa, aos 89 anos, é uma das vozes mais respeitadas da música brasileira. Desde a juventude, quando decidiu se apresentar no programa de calouros de Ary Barroso, sua trajetória foi marcada por escolhas artísticas firmes. Recusou-se a ceder a estereótipos e consolidou uma carreira pautada pela sofisticação musical. Seu primeiro disco foi lançado antes mesmo do marco da bossa nova, "Chega de Saudade" (1958), e sua obra dialoga com nomes como Johnny Alf, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e João Gilberto.
Mesmo diante das adversidades, Alaíde se manteve ativa, desafiando o esquecimento. Em 2020, foi premiada como Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Gramado. Em 2023, emocionou o público português em apresentação com a Orquestra de Jazz do Algarve e, meses depois, foi ovacionada no Carnegie Hall, em Nova Iorque, durante o concerto comemorativo dos 60 anos da Bossa Nova. No mesmo ano, recebeu o Troféu Raça Negra como melhor cantora.
Em 2024, lançou o álbum "Pérolas Negras" ao lado de Eliana Pittman e Zezé Motta, e, em seguida, o segundo volume da trilogia iniciada com "O que meus calos dizem sobre mim", produzido por Emicida, Pupillo e Marcus Preto. Atualmente, está em turnê com quatro espetáculos distintos, reafirmando sua vitalidade artística e a relevância de seu repertório.
Ao homenagear Dalva de Oliveira, Alaíde Costa não apenas revisita um repertório histórico, como também inscreve sua própria assinatura nesse diálogo entre gerações. "Uma Estrela Para Dalva" é, ao mesmo tempo, um ato de memória e de afirmação — a prova de que algumas vozes jamais se apagam.
SERVIÇO
UMA ESTRELA PARA DALVA
Teatro Rival Petrobras (Rua Álvaro Alvim, 33 - Cinelândia)
9/5, às 19h30
Ingressos a partir de R$ 42