Moçambicano Mia Couto e angolano José Eduardo Agualusa disputam com brasileira Silvana Tavano e autores portugueses na categoria de prosa da premiação que celebra a literatura em língua portuguesa
O Prêmio Oceanos, uma das mais prestigiadas distinções literárias do universo lusófono, anunciou os dez finalistas da edição de 2025, com autores de Brasil, Portugal, Moçambique e Angola competindo nas categorias de prosa e poesia. O resultado será conhecido em 10 de dezembro, dando continuidade a uma trajetória que, desde 2003, celebra a diversidade e a excelência da literatura em língua portuguesa.
Na categoria de prosa, destacam-se nomes consagrados como o moçambicano Mia Couto, com "A Cegueira do Rio", e o angolano José Eduardo Agualusa, autor de "Mestre dos Batuques". A brasileira Silvana Tavano concorre com "Ressuscitar Mamutes", obra que também figurou entre os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura e semifinalistas do Jabuti. Completam a lista os portugueses Rui Cardoso Martins e Teresa Veiga, demonstrando a força da literatura portuguesa contemporânea.
Já a categoria de poesia apresenta maioria brasileira, com Maria do Carmo Ferreira, Ana Maria Vasconcelos e Fabiano Calixto representando o país. Os demais concorrentes são o moçambicano Francisco Guita Jr. e o português Ricardo Gil Soeiro. Os dez títulos finalistas foram selecionados entre 3.432 obras inscritas, número recorde na história das premiação, aumentandfo sua relevância no cenário literário lusófono.
Criado em 2003 pela Portugal Telecom como Prêmio Portugal Telecom de Literatura, a premiação inicialmente focava na literatura brasileira. A partir de 2007, abriu-se para autores de todos os países de língua portuguesa, e em 2015 ganhou o nome atual, passando a ser gerido pela Oceanos Cultural e pelo Itaú Cultural. O prêmio é considerado o equivalente lusófono do britânico Man Booker Prize, tanto pela qualidade dos títulos selecionados quanto pelo alto valor financeiro distribuído a seus vencedores.
O Oceanos dá visibilidade à nossa língua em suas mais variadas expressões, projetando autores e obras que estariam restritos a seus mercados locais. Seu júri é formado por especialistas de diversas nacionalidades que adotam o português como idioma oficial.
Ao longo de sua história, autores brasileiros conquistaram posição de destaque. Em 2003, Bernardo Carvalho ("Nove Noites") e Dalton Trevisan ("Pico na Veia") dividiram o primeiro lugar. Paulo Henriques Britto venceu em 2004 com "Macau", seguido por Amílcar Bettega Barbosa em 2005 ("Os Lados do Círculo") e Milton Hatoum em 2006 ("Cinzas do Norte"). Cristóvão Tezza triunfou em 2008 com "O Filho Eterno", Nuno Ramos em 2009 ("Ó") e Chico Buarque em 2010 ("Leite Derramado"). Rubens Figueiredo levou o prêmio em 2011 ("Passageiro do Fim do Dia"), José Luiz Passos em 2013 ("O Sonâmbulo Amador") e Sérgio Rodrigues em 2014 ("O Drible"). Em 2015, Silviano Santiago venceu com "Mil Rosas Roubadas", e Julián Fuks ficou em segundo lugar em 2016 com "A Resistência". Mais recentemente, Micheliny Verunschk conquistou o prêmio em 2024 com "Caminhando com os Mortos", consolidando a presença brasileira no topo da premiação.