Por: Affonso Nunes

Ler é a melhor receita: Bienal do Livro Rio gera R$ 1,18 bilhão para economia fluminense

Corredores e stands lotados durante a realização da edição 20225 da Bienal do Livro, realizada no Riocentro | Foto: Fotos Filmart/Divulgação

A 22ª edição da Bienal do Livro Rio confirmou sua posição como um dos principais motores econômicos e culturais do estado fluminense. Realizado entre 13 e 22 de junho no Riocentro, o evento movimentou impressionantes R$ 1,18 bilhão na economia local, cifra que representa 0,10% do PIB estadual, segundo pesquisa inédita conduzida pelo Ibmec.

Os números revelam a magnitude de um festival que transcendeu há muito sua função original de feira literária para se tornar um fenômeno de múltiplas dimensões. O estudo, baseado em entrevistas com 2.897 visitantes e com intervalo de confiança de 95%, demonstra que a Bienal conseguiu atrair um público diversificado: 62% dos frequentadores são moradores da capital fluminense, 29% vêm de outras cidades do estado e 9% são turistas de outras regiões brasileiras.

"A pesquisa revela que a Bienal do Livro Rio, que já estava entre os quatro maiores eventos do Rio, é não só um Patrimônio Cultural Imaterial da cidade, mas um importante ativo de desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado do Rio de Janeiro", destaca Milena Palumbo, CEO da GL events na América Latina, organizadora do evento junto ao Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

O impacto econômico se distribuiu de forma significativa entre diversos setores. O comércio foi o segmento mais aquecido, registrando incremento de R$ 553 milhões, seguido pela hotelaria, que movimentou R$ 200 milhões, e pelo setor de alimentação, com R$ 163 milhões. As áreas de cultura e transporte também apresentaram números expressivos, com R$ 137 milhões e R$ 126 milhões, respectivamente.

Esta edição da Bienal introduziu o conceito inovador de Book Park, transformando o Riocentro em um parque literário onde as narrativas ganharam vida através de ativações culturais, experiências imersivas e programação interativa. A estratégia, baseada em estudos sobre hábitos de consumo e interesses dos leitores, resultou em uma experiência mais democrática, inclusiva e diversificada.

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Roda gigante no Book Park: novidade da edição | Foto: Filmart/Divulgação

Os resultados superaram todas as expectativas anteriores. O evento recebeu mais de 740 mil visitantes e registrou a venda de 6,8 milhões de livros, crescimento de 23% em relação à edição de 2023. Mais de 700 expositores participaram da festa literária, consolidando a Bienal como um dos principais encontros do mercado editorial brasileiro.

"A Bienal é uma programação que atrai cada vez mais o público jovem, 81% têm até 34 anos. São pessoas ávidas pela leitura, que vão até lá para comprar os livros que desejam", analisa Samuel Barros, reitor do Ibmec Rio de Janeiro e coordenador técnico da pesquisa. O perfil jovem do público reflete uma tendência importante no consumo cultural brasileiro, indicando o potencial de crescimento do mercado editorial.

Particularmente relevante é o fenômeno do "turismo literário" identificado pelo estudo. Entre os visitantes de fora do município do Rio, 76% afirmaram que a Bienal foi o principal motivo para visitarem a cidade. Esse dado revela como eventos culturais podem funcionar como âncoras turísticas, atraindo visitantes que, além de participarem da programação principal, consomem outros serviços urbanos.

O efeito multiplicador do evento se evidencia nos gastos diretos associados, estimados em R$ 589 milhões pelo Ibmec, valor próximo aos R$ 535,4 milhões calculados pela Prefeitura do Rio. Esses números demonstram como um evento cultural pode irradiar benefícios econômicos muito além de seu espaço físico de realização.

A pesquisa também revelou um indicador promissor para o turismo carioca: 62% dos visitantes de fora do município declararam que certamente retornariam à cidade nos próximos 12 meses, motivados pela experiência positiva na Bienal. Esse dado sugere um potencial de fidelização turística que pode gerar benefícios econômicos duradouros.