Além da instalação, dois livros marcam presença entre os destaques editoriais da Bienal. Um deles é "O Caminho das Sete Tias" (Melhoramentos), obra póstuma e inédita escrita por Ziraldo na década de 1990. Guardado por décadas, o manuscrito chegou à editora acompanhado de um bilhete do próprio autor: "Vamos guardar para uma próxima oportunidade". A hora chegou. Com narrativa poética e simbólica, o livro conta a história de um príncipe encantado que, ao perder a alegria, embarca numa jornada guiada por sete tias mágicas — cada uma ligada a uma cor, uma nota musical, uma fragilidade humana. O texto é um convite à esperança, à sensibilidade e à busca pelo encantamento, mesmo em tempos sombrios.
A concepção gráfica do livro é assinada por Adriana Lins, também diretora artística do Instituto Ziraldo, que se inspirou na estética de "Flicts" (1969), o primeiro livro infantil de Ziraldo. "Decidimos valorizar o texto raro e dar protagonismo às palavras, com imagens gráficas inspiradas nas formas dos planetas e nas cores do arco-íris. O livro nasceu com uma atmosfera sonora e visual que remete à origem da obra do Ziraldo", afirma Adriana. A obra ganhou trilha sonora composta por Antonio Pinto, filho do autor, reforçando o caráter sensorial da publicação. O livro está disponível em versão impressa e digital.
Outro lançamento marcante é "Peixe Grande" (Global Editora), uma biografia metafórica escrita por Guto Lins, amigo de Ziraldo, voltada ao público infantil. O livro acompanha a travessia de um pequeno peixe de água doce, que, com coragem e imaginação, deixa o Rio Doce e nada até o mar, numa narrativa lúdica que representa a trajetória de Ziraldo, de Caratinga ao mundo. "Ele era um menino que se imaginou desenhista e se transformou em ícone da imaginação brasileira", diz o autor, que também assina "Entre Cobras e Lagartos", lançado no ano passado com imagens do acervo do Instituto Ziraldo.
"Peixe Grande" é o primeiro título do autor no catálogo da Global Editora, que vê na publicação uma forma de reforçar seu compromisso com a literatura nacional. "Ziraldo é um patrimônio cultural. Seu humor, sua leveza e sua sensibilidade formaram gerações. É uma honra publicá-lo", destaca Richard Alves, CEO da editora.
Para o Instituto Ziraldo, a missão é preservar a obra do artista como acervo vivo, capaz de dialogar com novas gerações. "Queremos que os livros, os personagens e a linguagem do Ziraldo continuem vivos, pulsantes, capazes de inspirar crianças e adultos", afirma Adriana Lins. Essa visão se materializa também numa linha inédita de produtos oficiais, disponíveis na loja física e virtual da Bienal. Canecas, garrafas, cadernos e outros itens estampam personagens e frases clássicas do autor, celebrando seu vínculo com a leitura e o universo gráfico.
Entre lançamentos editoriais, resgate de obras inéditas, homenagens visuais e a multidão de leitores que continua a se emocionar com suas criações, Ziraldo permanece, mesmo após sua partida, como um dos grandes protagonistas da Bienal.