Aestreia literária de Helena Duncan é marcada por coragem narrativa e profundidade emocional. Em "O Manual do Monstro", lançado pela editora Interseção Design de Histórias, a jornalista dá voz a Laura, uma mulher prestes a completar 50 anos que, diante de uma descoberta devastadora, vê sua estrutura emocional desmoronar. Bem-sucedida e inserida num contexto social ainda pautado pelo machismo, ela tenta reconstruir sua própria história — no seu tempo, à sua maneira.
A trama convida o leitor a atravessar o labirinto mental da protagonista, em uma jornada íntima, instável e reveladora. É esse mergulho que a jornalista Ana Carolina Raimundi destaca na apresentação da obra: "Helena amarra o leitor num thriller psicanalítico que nos faz refletir sobre nossas próprias profundezas, sobre aquelas feiúras humanas que a gente sente, mas tem vergonha de admitir. Laura produz o seu próprio antídoto".
O prefácio é assinado por outra jornalista, Bianca Ramoneda, que destaca a complexidade da composição literária de Helena. Segundo ela, a autora "traz para sua partitura um conjunto de elementos desafiadores para montar a polifonia de sua história". Não por acaso, a música ocupa lugar de destaque na obra: há uma playlist com 23 canções que acompanham a narrativa, com nomes como David Bowie, Gal Costa, Lenine, Caetano Veloso, The Smiths, Elizeth Cardoso, Chico Buarque e Zélia Duncan.
A capa, concebida por Sérgio Osório, arquiteto e designer, dialoga com o desconstrutivismo e o cubismo, reforçando o tema da fragmentação da identidade e da ruptura com formas fixas de percepção. Essa estética traduz visualmente a experiência de Laura: diante do colapso, ela é forçada a reexaminar tudo o que a definia.
Nascida em Niterói e criada em Brasília, Helena Duncan carrega o espírito carioca em sua trajetória. Jornalista e empreendedora, é diretora de comunicação da Ímã Conexões com Propósito, empresa que fundou ao lado das irmãs Zélia Duncan e Ana Vitória Surreaux, com o intuito de aproximar marcas de causas sociais e construir legados com impacto positivo.
A Interseção Design de Histórias, editora independente criada por Andréa Samico, que aposta em narrativas literárias diversas, com foco em temas contemporâneos e em autores dispostos a provocar o pensamento e as emoções do leitor.