Por: Carlos Monteiro | Textos e fotos

Fotocrônica: Os sóis do Rio

Fotocrônica 7/7/25 | Foto: Carlos Monteiro

O Rio de Janeiro tem uma característica marcante e interessante; sempre que se fala da Cidade Maravilhosa há um comentário a respeito do sol, que brilha nas praias e colorem, democraticamente, cariocas e não-cariocas. É como se a cidade, nomeada de "Almoxarifado de Deus" por Monteiro Lobato, se alimentasse desse néctar antropomórfico que, talvez, não gorjeie como lá.

Caso algum doutorando fizer um estudo antropológico, para sua tese, de quem vive por essas terras originárias dos Tupinambás e Temiminós, Tamoios e Tupiniquins - a grande galera Tupi -, perceberá que para além de 'cariocas não gostarem de dias nublados', eles têm comportamentos absolutamente ligados ao Astro-rei. São capazes de colocar três moletons e seus devidos capuzes, luvas, cachecol e gorro, naqueles dias de seus sonhos de uma noite de inverno, com aquela temperatura amena de 19°C, mas jamais dispensarão a bermuda e as Havaianas. Pode até nevar, mas a representatividade tropical do sol estará lá.

Como bem disse Caê, o Febo tem um "calor que provoca arrepio" e há de brilhar todas as vezes que Nelson ou Clara, lá do firmamento, derem uma espiadinha na Ipanema do aplauso de Leonam.

Rio é a cidade literalmente de sol a sol, de brilho e esplendor de Kûarasy, do pacto de Guaraci e Jaci sobre as bençãos de Tupã, da missão dada por Olorum a Oxalá, é Rá, Apolo e o Criador luz divina.

O sol carioca parece ter mais brilho, mais poesia, mais ardor. Emoldura a cidade, a torna mais bela, mais amena diante de tantas dores vividas.

E se Deus é brasileiro com toda certeza o sol, ah o sol é carioca da gema.

Esta crônica é dedicada à Deborah Dumar que foi sol, que é sol e há de iluminar eternamente os corações cariocas. Ela foi muito mais que simpatia, ela foi o mais puro e doce amor. Ela acalantava corações com sua alegria contagiante, com suas tiradas desconcertantes, uma espécie de Fio Maravilha do jornalismo carioca, uma fonte inesgotável de cultura, um sorriso eterno.