"Brasil, esquentai vossos pandeiros". Imortalizado em versos como esse, da canção icônica de Assis Valente, consagrada pelos Novos Baianos, o pandeiro é um dos instrumentos mais emblemáticos da música brasileira. Mas poucos conhecem sua história, que atravessa os séculos e chega ao Brasil trazida pelos colonizadores. Contar as inúmeras etapas dessa jornada é a proposta de "Pandeiros do Brasil: História, tradição, inovação" em cartaz na Casa do Pandeiro, no Centro.
Com curadoria da pandeirista e professora Clarice Magalhães e do pesquisador Eduardo Vidili, a exposição se desenvolve em dois eixos principais: histórico-sociológico e artístico. O público pode explorar uma série de imagens, quatro obras de arte inéditas, incluindo uma escultura e uma instalação, um vídeo interativo e diversas variações do instrumento, que estão disponíveis para experimentação, promovendo uma experiência interativa e sensorial. Há também uma pequena biblioteca com títulos de referência sobre o tema.
"A Casa do Pandeiro materializa um senso de comunidade entre pandeiristas, tanto profissionais como amadores e aprendizes. É comum ouvir percussionistas expressarem gratidão pelo pandeiro. É um instrumento muito generoso! Agora ganha uma casa, uma exposição e uma biblioteca dedicadas a ele. Queremos dar mais visibilidade a quem toca, ensina e constrói o instrumento", celebra Clarice Magalhães, idealizadora e gestora do espaço, que também oferece aulas, oficinas, debates e rodas musicais.
Com quatro CDs gravados, a artista é profissional do pandeiro desde a década de 1990, e já tocou em centenas de bailes, festivais de música e shows dentro e fora do Brasil. Prima de Cazuza e sobrinha-neta de Nelson Rodrigues, em 2019, Clarice lançou em livro um método de pandeiro chamado "Técnica e levadas para pandeiro brasileiro" (Editora Multifoco) e um canal no YouTube.