Um ano depois de consagrar “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, como seu eleito de 2024, a Associação de Críticos do Rio de Janeiro (ACCRJ) volta a celebrar a força do cinema brasileiro ao eleger “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, como o Melhor Longa-Metragem de 2025.
Criada em 1982, mas oficializada em 1984, a entidade congrega jornalistas de variadas gerações com ligações com a imprensa carioca. Todos os anos, seus integrantes votam em dez produções que traduzem o que o audiovisual (em tela grande) gerou de mais pujante e ousado.
Este ano, a instituição, presidida por Ana Carolina Garcia (autora de um livro seminal sobre Walt Disney), votou neste sábado sua lista de excelências e colocou o thriller de Kleber em primeiro plano. Lançado no Festival de Cannes, de onde saiu com quatro prêmios, incluindo os de Melhor Direção e Ator (Wagner Moura), esse exercício autoral do realizador de “O Som ao Redor” (2012) recria o Recife de 1977 a partir da luta pela sobrevivência de um pesquisador e professor da universidade pública que retorna à capital pernambucana para buscar o filho que foi obrigado a deixar com os avós.
Além de “O Agente Secreto”, o colegiado carioca destacou outra iguaria brasileira: “O Último Azul”, river movie rodado na Amazônia pelo pernambucano Gabriel Mascaro, com foco na luta de uma septuagenária (Denise Weinberg) para fugir de um campo de concentração geriátrico. Coube a esse longa o Grande Prêmio do Júri da Berlinale, em fevereiro. O panteão da ACCRJ destacou ainda o ganhador do Oscar de Melhor Filme e Direção deste ano, “Anora”, que venceu a Palma de Ouro de Cannes de 2024. Seu leque de escolhidos reúne ainda produções pop de gêneros como terror (“A Hora do Mal” e “Pecadores”) e aventura (“Superman”).
Ao deliberar a melhor iniciativa cinematográfica de 2025, a ACCRJ votou em prol da atual curadoria de cinema da TV Brasil, pelo destaque para a produção autoral brasileira. Desde janeiro, a emissora, pública e de viés educativo, comandada pela escritora Antonia Pellegrino, renovou seu repertório de filme, valorizando títulos de diferentes estados do país e resgatando clássicos cultuados, como “O Bandido da Luz Vermelha” (1968).
Em sua tradicional homenagem a artistas que morreram, de janeiro até agora, a ACCRJ promove homenagens póstumas ao diretor David Lynch, à atriz Diane Keaton e aos atores Gene Hackman e Robert Redford (também cineasta, produtor e criador do Sundance Institute). Serão homenageados ainda os mestres brasileiros Carlos Diegues e Silvio Tendler, campeões de bilheteria com status de autoralidade pontuado por debates sociológicos.
No início de 2026, uma mostra na Caixa Cultural, organizada pela ACCRJ, vai exibir seus eleitos.
Os 10 melhores filmes de 2025 para a ACCRJ
- “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho (melhor longa do ano)
- “A Hora do Mal” (“Weapons”), de Zach Cregger
- “Anora”, de Sean Baker
- “Conclave”, de Edward Berger
- “Flow” (“Straume”), Gints Zilbalodis
- “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro
- “Pecadores” (“Sinners”), de Ryan Coogler
- “Setembro 5” (“September 5”), de Tim Fehlbaum
- “Superman”, de James Gunn
- “Uma Batalha Após A Outra” (“One Battle After Another”), de Paul Thomas Anderson