Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Canção ("Dream As One", de Miley Cyrus) e de Melhor Blockbuster, "Avatar: Fogo e Cinzas" estreia no próximo dia 17 no Brasil - e em boa parte do planeta - com a promessa de repetir os feitos de seus antecessores. O primeiro, lançado em 2009, custou US$ 237 milhões e faturou US$ 2,9 bilhões, disparando como a maior bilheteria mundial da História. Some a seu rol de vitórias 89 prêmios, entre os quais o Oscar de Melhor Fotografia, o de Melhor Direção de Arte e o de Efeitos Visuais. Sua continuação, "O Caminho da Água", lançada em 2022, faturou US$ 2,3 bilhões. É a terceira maior receita cinematográfica de todos os tempos, atrás só do original e de "Vingadores: Ultimato" (2019).
A parte três explora a Lua de Pandora e seu povo, a civilização Na'vi, a partir do que 12 meses depois do longa anterior, trazendo de volta (dos mortos) o militar assassino Quaritch (Stephen Lang), a fim de eliminar a família Sully, formada pelo ex-humano (sim, ele troca seu corpo terráqueo para virar um na'vi) Jake (Sam Worthington), sua companheira, Neytiri (Zoe Saldana), e seus filhos.
Um ano após se estabelecerem com o Clã Metkayina, a família de Jake e Neytiri lida com o luto após a morte de Neteyam (Jeremy Irvin). Eventualmente, eles encontram uma nova e agressiva tribo Na'vi, o Povo das Cinzas, liderada pela feroz Varang (Oona Chaplin, neta de Carlitos), que se aliou ao inimigo de Jake, Quaritch, enquanto o conflito em Pandora se intensifica com consequências devastadoras.
Passamos para um novo nível de complexidade com o novo filme, introduzindo o Povo das Cinzas, mas também porque tivemos esse evento trágico no segundo filme, a morte do filho mais velho (de Neytiti e Sully)", disse Cameron em um evento online, organizado para os votos da Golden Globe Foundation. "Achei que era muito, muito importante dar uma base ao filme, porque ele é tão fantástico visualmente. Quero dizer, fantástico no sentido de fantasia. Fantasmagoria, certo? Para fundamentar o filme em respostas humanas autênticas a coisas como, você sabe, trauma, perda, luto e assim por diante. Sinto que o cinema comercial tende a ignorar essas coisas. Normalmente, quando alguém morre em um filme, é aquilo... a esposa morre e o marido entra em um frenesi assassino, e todos nós celebramos essa violência pelas próximas duas horas. Não acho que o cinema comercial lida com isso de forma honesta e autêntica. E eu tive muitas perdas na minha vida pessoal nos últimos 10 anos, mais ou menos. E o luto não acaba assim. Não é um gatilho para simplesmente seguir em frente".
As digressões metafísicas de Cameron sugere que a saga terá múltiplas inquietações espirituais e ecológicas. Hoje com 71 anos, ele não lança nada inédito, como realizador, fora da saga "Avatar", há 16 anos, quando apresentou Jake e Neytiri ao mundo. Tudo o que ele filma bagunça as normas de Hollywood e altera a nossa percepção estética acerca do uso da tecnologia em prol da imagem - na ficção e no documentário. Desde sua estreia na profissão, com o curta "Xenogenesis", ele filmou apenas 14 longas. Relativize esse "apenas" ao incluir "Titanic" (ganhador de 11 Oscars em 1998), com sua bilheteria de US$ 2,2 bilhões entre seus feitos. Aliás, foi ele o criador da franquia "O Exterminador do Futuro".
"No revisionismo histórico de seus filmes, cineastas sempre encontrarão erros, mas tenho orgulho das histórias que contei. O que me move a filmar é poder garantir ao espectador uma experiência sensorial nova", disse Cameron em meio à produção do novo "Avatar", no fim da Berlinale de 2017, quando apresentou uma versão digitalmente recauchutada do cultuado "O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final" (1991), via Facetime ao vivo com a plateia, na telona do espaço.
Sinônimo de milhões, mas de projetos engajados em causas ambientais, Cameron esteve no Brasil em 2010, visitando Belo Monte, no Pará, para estudar os riscos de sua usina hidrelétrica para o ecossistema. "Avatar" foi idealizado por ele para um tratado de preservação da Terra, a partir do cuidado com a Natureza. Ele traz uma reflexão sobre o futuro do mundo desde que estreou o primeiro "Exterminador...", em 1984, em forma de distopia apocalíptica. Em sua confecção, ele acreditou que um halterofilista conhecido nas telas por interpretar o herói de pulps Conan, o Bárbaro, pudesse virar um dos mais icônicos personagens do cinema de gênero pop. Foi ideia dele e de sua parceria, a produtora Gale Anne Hurd, convocar o ator austríaco naturalizado americano Arnold Schwarzenegger para encarnar o androide egresso do Amanhã.
Cameron prevê lançar "Avatar: The Tulkun Rider" e "Avatar: The Quest for Eywa" em 2029 e 2031, respectivamente.