Ganhador da Palma de Ouro e do Oscar com o filme mais famoso da Coreia do Sul, realizador fala neste sábado às plateias de Marrakech, onde preside o júri, avesso a artificialidades
Independentemente do filme que decidiu premiar (em acordo com seu time de juradas/os) neste sábado, no encerramento do 22º Festival de Marrakech, do qual é presidente do júri, o diretor sul-coreano Bong Joo Ho já assegurou a antipatia eternas dos desenvolvedores de IAs (Inteligências Artificiais). Mesmo os fãs de seu "Parasita" (Palma de Ouro de 2019) devem estar boladões com sua declaração irônica na abertura do evento: "Vou organizar um esquadrão militar, e a missão deles é destruir a IA". Ele fez parecer uma ironia, mas quem conferiu seu longa-metragem mais recente, "Mickey 17", hoje na plataforma MAX e na Prime Video, saca um certo ar de verdade em seu deboche.
Ele vai tirar essa dúvida ao se encontrar com o público marroquino na manhã deste sábado, no Teatro Meydene, onde participa de uma das seções mais concorridas do evento: Conversas. São longas entrevistas, de uma hora, uma hora e meia, com celebridades autorais. Quem abriu a seleção este ano foi o pernambucano Kleber Mendonça Filho, ao falar do fenômeno "O Agente Secreto". Jodie Foster, Chiara Mastroianni, Virginie Efira, Nadine Labaki, Laurence Fishburne, Andrew Dominik e Jafar Panahi falaram nos dias seguintes. Esta manhã tem Guillermo Del Toro, para comentar "Frankesntein", já na Netflix. Nenhum tem sido mais procurado do que Bong.
Eleito para o abre-alas da (controversa) lista Cem Melhores Filmes do Século XXI, publicada no primeiro semestre pelo "The New York Times", com "Parasita", o divo da Coreia do Sul não tem o que reclamar de 2025. Envolvido com um projeto de animação já a caminho, o cineasta emplacou um dos cults de 2025, que começa a aparecer nas enquetes dos melhores longas-metragens do ano às vésperas do anúncio do Globo de Ouro. "Mickey 17" passou fora de competição pela Berlinale n° 75, em fevereiro, mas virou blockbuster em circuito, ao faturar US$ 131 milhões nas bilheterias. Entre a fantasia e a gargalhada, sua trama marca o regresso de Bong Joon Ho à direção de longas depois de um hiato de quase seis anos. "Costumo me ver como um realizador de filmes de gênero, que lida com cartilhas próprias, mas que busca fugir de obviedades", disse Joon Ho, em recente passagem por Cannes.
Agora, via MAX, o público brasileiro vai embarcar com ele numa viagem mucho loca por um mundo gelado, Niflheim, a arena de "Mickey 17", que pode se tornar uma colônia de exploração para a Terra se uma horda de criaturas com aspecto de ácaro, porém com tamanho GG, colaborar. "O que eles vivem é algo trágico e cômico ao mesmo tempo", disse Joon Ho na Berlinale.
Marrakech espera por suas palavras no desfecho de sua maratona audiovisual.