Por: Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

Próxima parada: Marrakech

'63 Horas de Pânico', de Gus Van Sant, abre o evento marroquino | Foto: Divulgação

Espanhola de Madri, musa de Almodóvar, Carmen Maura, aos 80 anos, vai ajudar o Marrocos a competir por um Oscar com sua atuação colossal em "Calle Málaga", o filme sensação da maratona cinéfila do Cairo que, agora, tem novo pouso em vista lá pela África árabe, onde se impõe como prata da casa: o Festival de Marrakech. Sexta-feira que vem (28), será a arrancada desse evento que, tradicionalmente, mobiliza júris estelares, de escopo hollywoodiano.

Entre as celebridades na composição deste ano destaca-se a escolha do diretor sul-coreano Bong Joon Ho (oscarizado em 2020 por "Parasita") como presidente do time de juradas e jurados. O cearense Karim Aïnouz, realizador de "A Vida Invisível" (2019), faz parte desse time e vai julgar os 14 concorrentes da disputa oficial pelo troféu Estrela de Ouro, ao lado de estrelas como Jenna Ortega (a Wandinha da Netflix) e Anya Taylor-Joy. Não há Brasil em concurso. O egípcio "Aisha Can't Fly Away" e o franco-tunisiano "Paraíso Prometido" estão entre os títulos de maior relevo da disputa oficial do evento, que terá o novo Gus Van Sant, o eletrizante thriller "63 Horas de Pânico" ("Dead Man's Wire"), com Al Pacino, na abertura, em sessão hors-concours.

O Festival de Marrakech foi criado em 2001, sob uma iniciativa do Rei Mohammed VI, para fomentar intercâmbios culturais com sua pátria. Em 2018, Robert De Niro foi homenageado lá e ganhou uma festa com direito a cupcakes decorados com o seu rosto esculpido no glacê. Em sua 22ª edição, a celebração marroquina da autoralidade presta tributos ao diretor mexicano Guillermo Del Toro (com a projeção em telona e seu "Frankenstein", já na Netflix) e à atriz americana Jodie Foster, com exibição de seu novo candidato a blosckbuster, "Vida Privada", de Rebecca Zlotowski.

O filé de Marrakech é a seção Horizontes, que apresenta 19 filmes contemporâneos (muitos deles cotados para o Oscar) que traçam um panorama do cinema mundial. Por lá vão estar medalhões como Claire Denis ("A Cerca"), Ildikó Enyedi ("A Amiga Silenciosa"), Jim Jarmusch (com o ganhador do Leão de Ouro "Pai Mãe Irmã Irmão"), Richard Linklater ("Nouvelle Vague"), Park Chan-wook ("No Other Choice") e Jafar Panahi, que exibe o ganhador da Palma de Ouro, "Foi Apenas Um Acidente".

Na seção 11° Continente, dedicada a autoralidades planetárias, entra em campo a argentina Lucrecia Martel com o ensaio documental "Nuestra Tierra", sobre o assassinato do líder indígena Javier Chocobar. Ao lado dela está o galego Oliver Laxe, com "Sirât", que representa a Espanha na caça às estatuetas da Academia de Hollywood.

O encerramento será no dia 6, com a projeção do épico "Palestina 36", de Annemarie Jacir.

 

Concorrentes à Estrela de Ouro de 2025

O longa tunisiano 'Paraíso Prometido', de Erige Sehiri, é um dos concorrentes deste ano à Estrela de Ouro de Marrakech | Foto: Divulgação

"Aisha Can't Fly Away" (Egito), de Morad Mostafa

"Amoeba" (Singapura), de Siyou Tan

"Before The Bright Day" (Tailândia), de Tsao Shih-Han

"Behind The Palm Trees" (Marrocos), de Meryem Benm'Barek

"Vozes Rachadas" ("Broken Voices", República Tcheca), de Ondrej Provaznik

"First Light" (Austrália), de James J. Robinson

"Forastrea (Espanha), de Lucía Aleñar Iglesias

"Ish" (Reino Unido), de Imran Perretta

"Laundry" (África do Sul), de Zamo Mkhwanazi

"Memory" (Holanda), de Vladlena Sandu

"My Father and Qaddafi" (Líbia), de Jihan K

"A Sombra do Meu Pai" ("My Father's Shadow", Nigéria), de Akinola Davies Jr.

"Paraíso Prometido" ("Promised Sky", Tunísia), de Erige Sehiri

"Straight Circle" (Reino Unido), de Oscar Hudson