Por: Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

Longa vida a Youssef Chahine

'The Emigrant' é um marco da carreira de Chahine que regressa à telona no CIFF neste domingo | Foto: Divulgação

O cinema egípcio ganhou notoriedade no Brasil graças ao legado de Youssef Chahine (1926-2008), o diretor mais aclamado daquele país entre 1950 e 2007, conhecido entre nós por "O Destino" (1997) e "Alexandria... Why?" (Prêmio do Júri na Berlinale em 1979). Com cinco indicações à Palma de Ouro em seis décadas de carreira, Chahine abriu as janelas do mundo para as estéticas audiovisuais do Egito, representadas nas produções de sua pátria que agora pedem passagem pelas telas deste Festival do Cairo.

Ele apostou em uma expressão cinematográfica que não evitava o narrativismo mais clássico nem fugia do melodrama. Nessa adesão a uma retórica cinematográfica dos anos 1950 — que perseguiu em seus trabalhos das décadas de 1990 e 2000 —, a tradição cultural dos povos árabes se faz notar poeticamente. Para honrar a glória de sua filmografia, o CIFF projeta, neste domingo, uma cópia restaurada de um de seus mais potentes trabalhos: "The Emigrant" ("Al-Mohager"), de 1994.

O roteiro acompanha os passos do andarilho Ram (Khaled Nabawy), que deixa para trás a vida nômade de sua tribo beduína para buscar conhecimento no antigo Egito, uma terra consumida por intrigas e rivalidades políticas. Sua jornada espiritual e intelectual transforma-se em uma meditação sobre ambição e pertencimento em um mundo de intolerâncias.