Wagner Moura em 'O Agente Secreto', uma trama misteriosa ambientada em Recife nos anos 1970 e que representa o Brasil na disputa da Palma de Ouro | Foto: Victor Juca/Divulgação
'O Agente Secreto' estreia nesta quinta com a expectativa de lotar as salas de exibição, mas outros longas nacionais têm fôlego para garantir a qualidade da safra nacional de 2025
Torcidas se formam por todo o parque exibidor nacional para que, nos próximos dez dias, "O Agente Secreto", que entra oficialmente em cartaz nesta quinta-feira (6), chegue à marca de 1 milhão de ingressos vendidos, apoiado no carisma de Wagner Moura, na laudatória acolhida pela crítica e na expectativa por uma indicação ao Oscar.
As pré-estreias pagas do thriller dirigido por Kleber Mendonça Filho mobilizaram cifras dignas de aplauso. Seu êxito pode reacender uma chama de sucesso que ardeu no primeiro semestre. Ao longo dos seis primeiros meses de 2025, o audiovisual brasileiro gabaritou: a) conquistou o Oscar com "Ainda Estou Aqui", que rendeu o Globo de Ouro a Fernanda Torres e totalizou 5,8 milhões de pagantes; b) viu "O Auto da Compadecida 2" totalizar 4,4 milhões de entradas vendidas; c) voltou a bombar no campo que um dia foi imbatível — a produção infantojuvenil - com as receitas altas de "Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa", que cruzou a marca do milhão. Paralelamente, "Vitória", de Andrucha Waddignton, levou 732 mil espectadoras/es às salas de projeção, para aplaudir Fernanda Montenegro, e "Homem Com H" vendeu 641 mil tíquetes, embalado pelo canto de Ney Matogrosso (representado por Jesuíta Barbosa).
Na saideira em 2025 vem mais coisa boa
Leandro Hassum numa de suas melhores atuações como o Patrão em 'Silvio Santos Vem Ai?' | Foto: Fernando Pastorelli/Divulgação
Faltam dois meses para o ano cinéfilo entrar em balanço, mas o candidato a cult de Kleber Mendonça Filho não está a sós no empenho para elevar os números de nossa arrecadação e nosso prestígio, na ocupação de tela de um terreno sempre tomado por Hollywood. No próximo dia 20, Leandro Hassum entra em campo com "Silvio Santos Vem Aí", de Chris D'Amato, que busca adesão popular ao revisitar a biografia de um titã da TV. Seu astro, que faturou aos tubos com as franquias "Até Que A Sorte Nos Separe" e "O Candidato Honesto", promete o que pode ser seu melhor trabalho de interpretação. A produção recria os tempos em que o Homem do Carnê do Baú sonhou ser presidente da República.
'A Natureza das Coisas Invisíveis', uma pérola brasiliense coroada na Mostra de SP | Foto: Divulgação
Laureado com o Prêmio da Crítica na Mostra de São Paulo, na última quinta-feira, "A Natureza Das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo, tem fôlego para virar um hit, ao ocupar os complexos exibidores no próximo dia 27, a julgar pelo boca a boca que vem gerando desde sua primeira exibição, na Berlinale. Um achado do cinema do DF, o longa ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado, em agosto. Em sua trama, Glória, de 10 anos (Laura Brandão), acompanha a mãe, a enfermeira Antônia (Larissa Mauro), no trabalho, em um ambiente hospitalar onde pacientes de idade avançada padecem de moléstias diversas. A garota já conhece o local e costuma explorá-lo sozinha. Tem um passivo de enfermidade, expressa por uma marca em seu peito. Um dia, ela conhece Sofia (Serena), que tem a mesma idade e está lá por causa da bisavó (Aline Marta Maia), uma curandeira espiritual. Essa senhora sofre de Alzheimer, mas ainda faz suas invocações.
Miá Mello na comédia 'Mãe Fora Da Caixa' | Foto: Stella Carvalho/Divulgação
Também no dia 27 rola "Mãe Fora da Caixa", de Manuh Fontes, com Miá Mello. A protagonista é uma mulher bem-sucedida, com uma rotina agitada que não permite imprevistos. Ela acredita ter tudo sempre sob controle, até a chegada de sua primeira filha.
A apoteose das atuações de nossa indústria cinematográfica gravitou alto de janeiro para cá, vide o prêmio de Melhor Atuação de Cannes para Wagner Moura em "O Agente Secreto.
A linha interpretativa de nossas estrelas voltará a sair das CNTPs na forma como Luiza Mariani vai modular o drama em "Cyclone", projetado em agosto na 27ª edição do Shanghai International Film Festival, em telas chinesas, e previsto para ser lançado em 4 de dezembro. Mais do que uma interpretação em estado de graça, o filme traz uma direção em maturidade absoluta de Flavia Castro. No enredo, a diretora de "Diário De Uma Busca" (2010) acompanha a história de Dayse (papel de Luiza), operária de uma gráfica que almeja ser reconhecida como dramaturga na conservadora São Paulo do início do século XX. Sua inspiração (livre) é Maria de Lourdes Castro Pontes (1900-1919), autora chamada alternadamente de Deisi, Daisy, Dasinha, Miss Tufão e Miss Cyclone. O que se vê ali é o balanço de uma cidade feroz, SP, nas raias da Semana de Arte Moderna. A fotografia de Helô Passos, dionisíaca, busca nas cores a tradução da ebulição vulcânica da protagonista.
Glória Pires e Isabel Fillardis: uma dupla em sintonia em 'Sexa' | Foto: Divulgação
Para 11 de dezembro, a aposta (das apostas) é o filme-delícia da Mostra de São Paulo: "Sexa", que marca a primeira incursão de Gloria Pires por trás das câmeras. Que delícia é ver uma das maiores estrelas de nosso cinema estrear na direção. Gloria é Bárbara, uma revisora de livros que, aos 60 anos, está indignada com as injustiças do envelhecimento. Depois de seu último romance, ela abre mão do amor para ter uma boa relação com o filho, que a vê como uma idosa recatada e do lar. Apesar desse rótulo, Bárbara quer tirar as caixinhas em que a depositaram do lugar. Para isso, vai conjugar o verbo "amar".