Por: Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

A hora do Capeta nas telonas: filmes de trerror no topo das bilheteriuas globaisvorito?

‘Panico 7’ só estreia em 26 de fevereiro, mas o lançamento de seu trailler, na semana passada, já mobiliza a turma que não desgruda os olhos dos passos do assassino Ghostface | Foto: Paramount

Produções do gênero se espalham por todos os cantos do circuito, lota sessões, fatura milhões e saem em disparada na corrida pelo Oscar com vampiros, bruxas e até um novo ‘Pânico’

Na última semana os amantes de narrativas de terros entraram em clima de euforia e ansiedade com a divulgação do trailler de "Pànico 7", que só chega às telonas brasileiras em 26 de fevereiro. Enquanto isso incursões nacionais nas veredas do espanto vão ganhando espaço como os recém-estreados "A Própria Carne", de Ian SBF, e "Enterre Seus Mortos", de Marco Dutra. O thriller macabro com CEP de Santa Catarina "Virtuosas", de Cíntia Domit Bittar, conquistou o Prêmio Netflix na 49ª Mostra de São Paulo, num indício de que... se Deus é brasileiro... o Diabo também quer sua cidadania. Nesse ínterim, o circuito Estação dedicou salas de seus complexos na Gávea e em Botafogo para a mostra Terrível, que termina nesta quarta-feira (5).

Terror em tempo de apogeu nas telonas

O tom avermelhado da fotografia traduz o ambiente diabólico que cerca Edgar (Selton Mello) na Abalurdes de 'Enterre Seus Mortos' | Foto: Divulgação

Essa euforia criativa do país pela estrada do assombro está em sintonia plena com a fase de apogeu que o terror vive com sucessos a granel, mas em especial na sofisticação de suas narrativas, cada vez mais politizadas. Que o digam as sessões apinhadas de "O Telefone Preto 2", com um apavorante Ethan Hawke, cuja receita hoje caminha para US$ 150 milhões. Quem arrecadou o dobro disso foi "Pecadores". Consagrada como obra-prima no primeiro semestre, essa trama antirracista com vampiros, dirigida por Ryan Coogler, hoje desponta como potencial concorrente ao Oscar, assim como "A Hora do Mal", que pode render uma estatueta para Amy Madigan, no papel de uma bruxa danada de ruim.

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Ethan Hawke esbanja vilania e horror em 'O Telefone Preto 2' | Foto: Blumhouse

Esse burburinho de prêmios cresce com o fracasso gradual dos longas-metragens de super-heróis, filão mais rentável do cinema desde 2008, com a gênese do Marvel Studios. O abalo de renda desse setor abriu espaço nobre para outros exercícios pop e, diante das crises simbólicas (e guerras) planeta afora, o medo começou a driblar a concorrência. Novas franquias nascem e velhos rostos do pavor regressam, como é o caso de Ghostface, o assassino da saga "Pânico", que voltou a rondar o YouTube com o trailer da sétima parte dessa cinessérie, trazendo Neve Campbell e Courteney Cox no elenco.

Anos depois de sobreviver a múltiplos ataques de Ghostface, Sidney (papel de Neve) construiu uma vida tranquila numa nova cidade. Quando um novo assassino mascarado começa a atacar sua comunidade, seu maior pesadelo volta a ganhar forma, e sua filha, interpretada por Isabel May, torna-se um alvo. Para proteger a família, Sidney tem de enfrentar de novo o assassino mascarado que quizilou sua adolescência.

Quem também há de ganhar mais um filme é a franquia "Invocação do Mal" ("The Conjuring"), cujo quarto título, batizado no Brasil com o subtítulo "O Último Ritual" ("Last Rites"), explodiu no gosto do povão. O gasto de US$ 55 milhões do projeto, supervisionado pelo Midas do terror James Wan (de "Jogos Mortais"), foi mais do que compensado numa receita que, hoje, beira US$ 490 milhões - sendo que suas sessões seguem lotadas.

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Amy Madigan é a assustadora tia ligada a forças sinistras de 'A Hora do Mal', mina de ouro da vez | Foto: New Line

A tetralogia "The Conjuring" se baseia nos feitos reais do casal Warren, a sensitiva Lorraine Rita (1927 - 2019) e o demonologista Edward Miney (1926 -2006), que investigaram a veracidade de casos paranormais, sendo alguns ligados a manifestações de diabos na Terra. Wan dirigiu os dois filmes iniciais. O primeiro, lançado há 12 anos, custou US$ 20 milhões e faturou cerca de US$ 320 milhões. O segundo, de 2016, periga ser a maior obra-prima do filão horrorífico do século XXI. Custou US$ 40 milhões e contabilizou US$ 322 milhões, além de lançar dois vilões que ganharam spin-offs rentáveis: a boneca encapetada Annabelle e o trem-ruim A Freira.

Lorraine e Ed, interpretados numa alquimia plena por Vera Famiga e Patrick Wilson, são heroicos, usando a paranormalidade e a palavra de Deus como armas. Em "O Último Ritual", a calmaria que desejam abraçar é interrompida por espíritos zombeteiros presos num espelho.

 

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Nem o astro Nicolas Cage escapa do Demo em 'Sombras no Deserto' | Foto: Imagem Filmes

No próximo dia 13, a sanha diabólica do circuitão há de se ampliar com "Sombras no Deserto" ("The Carpenter's Son"), que tem como chamariz Nicolas Cage. Seu enredo se desenrola no Egito antigo, onde uma família vive escondida, tentando escapar de um passado que não pode ser revelado. Entre as areias, o Carpinteiro (Cage), sua esposa (FKA twigs) e o Menino (Noah Jupe) sobrevivem entre a fé e o medo de serem encontrados. Quando uma presença sombria cruza seu caminho, o Menino começa a questionar tudo o que acredita, despertando forças que nem ele é capaz de compreender. À medida que seu dom cresce, o confronto do sagrado com o desconhecido se inicia.

 

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Oscar Isaac é o Dr. Frankenstein na releitura de Mary Shelley feita por Del Toro | Foto: Divulgação

Com lançamento em streaming agendado para sexta, na Netflix, "Frankenstein", que pode dar uns Oscars a mais a Guillermo Del Toro, expande sua carreira em telona. A atuação antológica de Jacob Elordi como o Prometeu de Mary Shelley (1797-1851) é um ímã de elogios. Ainda nesse terreno dos medalhões que se dignaram a espantar plateias, "Tubarão", de Steven Spielberg, segue em salas, na comemoração dos 50 anos de sua estreia.