Por: Affonso Nunes

Olhares ancestrais

Cacique Raoni | Foto: Divulgação

Quatro produções audiovisuais indígenas são exibidas em mostra no Jardim Botânico

O Museu do Jardim Botânico recebe nesta sexta-feira (31) a Mostra Internacional "SOMMOS Amazônia: Olhares do Cinema Indígena". Depois de passar pelo Instituto Diplomático de Bucareste, na Romênia, o evcento chega ao Rio às vésperas da realização da COP 30, conferência climática que acontecerá em Belém.

Promovida pela SOMMOS Amazônia, plataforma global dedicada à distribuição digital de conteúdos culturais da região amazônica, a mostra integra a programação do Flor da Lua, evento que reúne oficinas de arte-educação, apresentações musicais, videomapping e exibições cinematográficas.

O evento estabelce um espaço de diálogo e sensibilidade onde o público possa vivenciar a força das narrativas indígenas e refletir sobre novas formas de relação entre cultura, natureza e território. A curadoria selecionou obras que abordam os modos de vida tradicionais, resistência, luta, espiritualidade, identidade e mudanças climáticas, revelando a potência criativa e política que move essa cinematografia em expansão. São quatro produções que mergulham nas múltiplas perspectivas que compõem o cinema feito por realizadores indígenas no Brasil, todas disponíveis gratuitamente para streaming da SOMMOS Amazônia.

Entre os destaques está "Para Onde Foram as Andorinhas?", produção do Instituto Catitu e Instituto Socioambiental que apresenta uma reflexão dos povos do Xingu sobre as mudanças climáticas e o impacto dessas transformações no futuro de seus netos, revelando a sabedoria ancestral diante das incertezas do tempo.

Já "Nosso modo de lutar", da Rede Katahirine de Cinema, apresenta o 20º Acampamento Terra Livre como um espaço de encontro e resistência, sob o olhar de três cineastas mulheres indígenas: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, que registram o cotidiano e a força coletiva da maior mobilização indígena do país.

"Cacique Raoni", dirigido por Marrayury Kuikuro pela Xingu Filmes, oferece um retrato sensível e histórico de Raoni Metuktire, símbolo mundial da luta pela Amazônia e pelos direitos dos povos originários. O filme percorre nove décadas de resistência do povo Kayapó, mesclando relatos, memórias e o presente de uma liderança cuja sabedoria ancestral inspira novas gerações.

Completando a programação, "Mensageiras da Amazônia", do Coletivo Audiovisual Daje Kapap Eypi, acompanha três mulheres Munduruku que, munidas de câmeras, drones e celulares, registram e denunciam as invasões em seu território no sudoeste do Pará, transformando o cinema em ferramenta de resistência.

Em seguida, a mostra segue para exibições em Belém durante a COP 30, Londres, Chicago (EUA), Ottawa (Canadá), Manilla (Filipinas) e outros destinos, com o apoio do Instituto Guimarães Rosa, braço cultural do Itamaraty.

SERVIÇO

OLHARES DO CINEMA INDÍGENA

Museu do Jardim Botânico (Rua Jardim Botânico, 1008)

31/10, das 17h às 19h

Entrada franca