Por: Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA / FILME / O TELEFONE PRETO 2: Caiu a ficha: o terror é a maior... invenção

Ethan Hawke esbanja vilania e horror em 'O Telefone Preto 2' | Foto: Blumhouse

Sequência inevitável do sucesso de bilheteria de 2021, adaptado da prosa de Joe Hill (filho de Stephen King), que custou US$ 16 milhões e faturou US$ 161 milhões, "O Telefone Preto 2" é mais um golaço do terror (autoral) em 2025. Tivemos "Pecadores", de Ryan Coogler; tivemos "A Hora do Mal", de Zach Cregger; e temos "Invocação do Mal 4: O Último Ritual", da lavra James Wan. Espere ainda "Enterre Seus Mortos", de Marco Dutra, que estreia no dia 30. Até lá, a gente fica (muito bem) com esta releitura que Scott Derrickson (do endiabrado "O Exorcismo de Emily Rose") faz de Hill. Seu slogan já arrepia: "Morto é só uma palavra".

Comercialmente, a carreira comercial dessa parte dois do perturbador "The Black Phone" está das melhores, com uma arrecadação de US$ 43 milhões, em seus primeiros cinco dias em cartaz mundo afora. A franquia é sustentada pela elegância de um ator no auge das suas potências criativas: Ethan Green Hawke. Ele é a alma deste estudo aterrorizante sobre o desamparo. A premissa recorda "M, o Vampiro de Dusseldorf "(1931), de Fritz Lang, apesar do clima de "Stranger Things". Cabe a Hawke encarnar o infanticida que assombra os subúrbios americanos, na Carolina do Norte, criando um dos vilões mais temíveis — ainda que mais humanizados — do momento: Grabber, o Agarrador.

Na trama de "Telefone Preto 2" - pontualmente aberta ao chiaroscuro na arte do diretor de fotografia Pär M. Ekberg - estamos em 1982, quatro anos após os eventos do primeiro filme. Vítima do longa anterior, Finney Blake (Mason Thames) tenta lidar com o trauma do seu rapto e assassinato pelo Agarrador. Entretanto, sua irmã Gwen (Madeleine McGraw), paranormal, começa a ter visões aterrorizantes de crianças mutiladas e pesadelos com um telefone a tocar, o que os aproxima. A partir desta premissa, Derrickson fala de aliança (fraterna) sem medo de apelar para o dispositivo do jump scare (o susto rasgado).