Produção brasileira mais esperada do ano, desde que conquistou quatro prêmios no Festival de Cannes, "O Agente Secreto" entra definitivamente em cartaz no dia 6 de novembro, mas terá pré-estreia em diferentes salas de projeção carioca neste sábado, enquanto se aboleta em pontos diferentes da 49ª Mostra de São Paulo. Leva sua eletrizante reconstituição do Recife de 1977 para evento nesta sexta, na Cinemateca Brasileira, em sessão às 15h40, e neste sábado, com exibição no Cinesesc, às 16h40. Seu realizador, Kleber Mendonça Filho, disputou a Palma de Ouro com a fita e saiu da Croisette com a láurea de Melhor Direção, o Prêmio da Crítica e uma honraria dado pela Associação de Cinemas de Arte e Ensaio da França. Seu astro, Wagner Moura, deixou a Côte d'Azur o troféu de Melhor Interpretação pelo desempenho no papel de um professor universitário e inventor que, sob identidade falsa, tenta fugir de dois assassinos contratados por um empresário cuja ambição é uma patente científica rara no tempo em que o Brasil esteve na mão dos generais. Muita gente tem saído de olhos estatelados do filme e fala de indicações ao Oscar. O Correio da Manhã foi atrás de sua plateia ilustre para saber o que faz dessa revisão histórica a maior diversão. Com a palavra, o público de Kleber:
O que mais me impressionou em "O Agente Secreto" foi a direção como um todo. Desde as escolhas da forma, com uma ambientação monumental, até os planos abertos, os zooms "scorsesianos", a fotografia setentista que remete a era da "Nova Hollywood", passando pela direção de atores (que são muitos!). KMF mostra uma maturidade impressionante na maneira como conduz o longa-metragem.
Sabrina Fidalgo, cineasta
Um filme pra todo público. A cada cena, uma surpresa. Estou louco pra ver mais vezes.
Daniel Filho, diretor, produtor e ator
Filmaço cheio de reviravoltas, com atuações inesquecíveis de um elenco incrível
Paula Barreto, produtora
Uma das coisas que mais impressionaram foi o elenco. Wagner Moura, como se sabe, está assombroso, mas todo o elenco entrega muito, em atuações cheias de personalidade, mas em sintonia umas com as outras. Impressiona muito também a primeira cena no posto de gasolina. É antológica!
Sergio Machado, cineasta
"O Agente Secreto" é um filme que celebra a festa, a comédia, a rua, o cinema, de maneira lúdica e onírica, mas é também um filme de pesadelos, bem sintetizado na metáfora do tubarão, como blockbuster e como signo do perigo que habita a orla paradisíaca de Recife. Um encontro entre poética e necropolítica.
Viviane Pistache, pesquisadora, roteirista e curadora
Kleber Mendonça Filho transforma o suspense em espelho de um país que vive entre a farsa e a tragédia, o delírio e a resistência. Sua ficção não inventa o real — apenas o revela.
Priscila Miranda, distribuidora
É um filme que te mantém preso à cadeira durante duas horas e meia. Um filme muito incomum: é complexo, ambicioso e intrigante, mas, salvo alguns momentos, não se perde nem na sua ambição, nem na sua intenção, nem na sua complexidade. Também não cede ao "realismo mágico", ao exotismo e a essas coisas que se esperam de nuestros filmes latino-americanos. Adoro como ele brinca com o que não é dito.
Salvador Savarese, montador
"O Agente Secreto" é um filme pernambucano, com certeza. Não somente pela reconstituição impecável de época, mas pelo tipo de narrativa no formato da tradição de contar os fatos pela imaginação popular nas lendas recifenses. A narração oral das lendas reedita a memória na narrativa cinematográfica para impugnar o presente e a imaginação face a abominação da violência no Recife e no Brasil, de forma sutil, irônica.
Dinara Gouveia Machado Guimarães, psicanalista
"O Agente Secreto" é um film-fleuve, uma reflexão sobre os males de um passado terrível que todos nós vivemos na turbulência das políticas autoritárias de um Brasil recente. É uma terna história de amor paterno à procura de redenção. As interpretações excepcionais, lideradas por Wagner Moura, são memoráveis, sem suspeita de melodrama. O impacto do filme de Kleber Mendonca Filho é hipnótico: uma sacudidela cinéfila onde você percebe as influencias de todo um cinema pós-Godard com garantia de inovação, reafirmando que nosso cinema floresce a cada nova geração. Não existe Nostradamus que possa predizer o que cineastas como Kleber, Walter Salles, Luciano Vidigal e tantos mais nos privilegiarão nas próximas temporadas.
Fabiano Canosa, programador, curador e pesquisador
O filme de Kleber Mendonça filho trilha um caminho peculiar. Enquanto nos conduz a uma série de acontecimentos inusitados cujas causas se desvendam gradativamente, mergulha em um mundo fantástico e, ao mesmo tempo, real, impactante que, mesmo vivido na década de 1970, ecoa em nossa realidade presente. A atuação primorosa de Tânia Maria foi aclamada pelo público do Festival do Rio. Wagner Moura, a grande estrela, brilhou como era de se esperar. Entre refugiados, vilões, um gato de duas caras e cenas inusitadas, o filme é um triunfo do cinema brasileiro. Um poema.
Ivan Pientzenauer, advogado
Adorei as referências cinéfilas que aparecem nesse filme, nas cenas no Cinema São Luiz com os filmes 'Tubarão' e 'A Profecia'. Adorei ver o cinema como personagem do filme.
Cavi Borges, agitador cultural, judoca, cineasta e produtor