Do chão de terreiro para as telas. O Teatro Carlos Gomes se transforma temporariamente em sala de cinema para abrigar a primeira mostra nacional dedicada exclusivamente ao samba na telona. A partir desta segunda-feira (11), o espaço centenário da Praça Tiradentes recebe a retrospectiva "O Samba Ainda Está Aqui", evento que reúne sete documentários sobre a história e os protagonistas do nosso gênero musical mais emblemático.
Com ingressos gratuitos, o evento democratiza o acesso do público a produções que normalmente circulam em circuitos restritos, permitindo que se conheça aspectos menos divulgados da história do samba, este patrimônio brasileiro.
A abertura nesta segunda apresenta "Eu Sou o Samba, Mas Pode Me Chamar de Zé Keti", documentário de 2024 dirigido por Luiz Guimarães de Castro. O filme reconstrói a trajetória do lendário compositor carioca, autor de clássicos como "A Voz do Morro" e "Opinião", que ganhou os palcos e as telas com sua música. Da infância dos anos 1920 como Zé Quietinho, José Flores de Jesus começa a se interessar pela música nas reuniões promovidas pelo avô em casa e o samba vira referência nas idas à Mangueira e Portela. Com os depoimentos de familiares, parceiros e amigos, Zé Keti mostra suas facetas como compositor na Portela e com ator no filme "Rio 40 Graus", de Nelson Pereira dos Santos, e no emblemático show "Opinião".
Nesta terça-feira (12), a programação dupla inclui "Conversa de Botequim", registro de 1972 de Luiz Carlos Lacerda (o Bigode) que flagra João da Baiana em conversa informal com Donga e Pixinguinha, três pilares fundadores do samba. Na sequência, tem "Atabaque Nzinga", de Octávio Bezerra, doc. que explora as raízes afro-brasileiras através da jornada da protagonista Ana, interpretada por Taís Araújo, em busca de autoconhecimento pela percussão.
O terceiro dia de mostra, quarta (13), reserva "As Batidas do Samba", documentário de 2011 de Bebeto Abranches que investiga como os instrumentos de percussão se incorporaram ao samba carioca. O filme é conduzido pelo percussionista Marçalzinho, neto do histórico sambista Marçal e filho de Mestre Marçal, que dirigiu por mais de duas décadas a bateria da Portela. Completa a sessão "Eu Sou Assim: Wilson Batista", também de Luiz Guimarães de Castro, que reconstitui a vida do compositor através de sua autobiografia inacabada, com Maurício Tizumba interpretando o autor de "Emília" e "Louco".
O encerramento, na quinta-feira (14), apresenta "Na Relíquia do Samba", documentário de 2025 de Antonio Solberg Coelho sobre Mestre Aurino e as chulas de samba em Maracangalha, no Recôncavo Baiano. A programação se completa com "Tempo Ê", de Aída Barros, registro da obra e vida de Zé Luiz do Império Serrano, um dos nomes mais respeitados do samba contemporâneo.
SERVIÇO
I MOSTRA NACIONAL DE FILMES DE SAMBA
Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes, s/nº - Centro)
De 11 a 14/8, às 19h
Entrada gratuita, com retirada de ingressos duas horas antes de cada sessão na bilheteria