Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Próxima parada: Austrália

Fesstival de Sydney logo | Foto: Divulgação

Depois de fazer a alegria do povo brasileiro (sobretudo a galera do Recife) no 78. Festival de Cannes, onde premiou seu diretor (Kleber Mendonça Filho) e seu ator principal (Wagner Moura), "O Agente Secreto" tem um novo pouso internacional já marcado, nas telonas da Austrália. No dia 11 de junho, véspera do Dia dos Namorados, o thriller de CEP pernambucano tentará aarebatar os corações do Festival de Sydney. Em 2016, Kleber passou por lá com "Aquarius" e ganhou a láurea de Melhor Filme. O evento audiovisual de maior relevo da pátria de titãs da direção como Peter Weir e Baz Luhrmann vai de 4 a 15 de junho e promove uma retrospectiva da obra do iraniano Jafar Panahi, que ganhou a Palma de Ouro no sábado passado com "Un Simple Accident". O Brasil passará por lá ainda com "O Último Azul", distopia com Denise Weinberg e Rodrigo Santoro que conquistou o Grande Prêmio do Júri na Berlinale, em fevereiro. O Correio aponta aqui alguns dos títulos mais esperados por Sydney este ano.

Macaque in the trees
Lesbian Space Princess | Foto: We Made A Thing Studios

LESBIAN SPACE PRINCESS, de Emma Hough Hobbs e Leela Varghes (Austrália): Eis a prata da casa em ação. Indicada ao Oscar com "Memórias de um Caracol", a animação australiana ganhou um reforço e tanto ao conquistar o troféu Teddy da Berlinale 2025 com esta comédia interplanetária. É hora de sua pátria vê-la. A introvertida princesa Saira, filha das extravagantes rainhas lésbicas do planeta Clitópolis, fica arrasada quando sua namorada, a caçadora de recompensas Kiki, termina repentinamente com ela por ser muito carente. Quando Kiki é sequestrada pelo povo mau, Saira precisa deixar o conforto da "gayláxia" para entregar o resgate solicitado: seu Royal Labrys, a arma mais poderosa conhecida no universo. O uso de cores na direção de arte é um deslumbre.

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Vie Privée | Foto: Divulgação

VIE PRIVÉE, de Rebecca Zlotowski (França): Uma promessa de bilheterias milionária e indicações ao Oscat este thriller com um sagaz bom humor arranca uma atuação luminosa de Jodie Foster e apresenta o (ex futuro) casal mais fofo deste festival, formado por ela e por Daniel Auteuil. A estrela de "O Silêncio dos Inocentes" (1991) vive uma psiquiatra que suspeita de um possível assassinato envolvendo a morte de uma paciente. Auteuil vive um oftalmologista com quem ela foi casada e os dois têm um benquerer e um tesão ativos. É ele quem vai apoiá-la numa abilolada investigação.

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On Becoming a Guinea Fowl | Foto: Divulgação

ON BECOMING A GUINEA FOWL, de Rungano Nyoni: Mais badalado dos representantes da África no Festival de Cannes de 2024, esta fábula sombria da Zâmbia segue a flanar pelas grandes mostras, marcando a volta da diretora de "Eu Não Sou Uma Bruxa" (2017). Rungano nos leva aos bastidores de um enterro, no qual a despedida de um tio provoca uma surreal transformação numa família.

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Sorda | Foto: Nuria Jean/Berlinale

SORDA, de Eva Libertad (Espanha): A pátria de Almodóvar voltou para casa este ano com a láurea da Associação de Cinemas de Arte da Europa, dada a ela na Berlinale, graças à batalha de Ángela, uma mulher com problemas auditivos, e Héctor, seu parceiro. Eles estão esperando um filho. Apesar de muito animados com a gravidez, não sabem se o bebê vai herdar a surdez da mãe. Depois de um trabalho de parto complicado e emocionalmente intenso, Ángela dá à luz sua filha, mas o casal terá que esperar alguns meses para saber se a neném sofre de algum problema de audição. Durante esse período, Héctor se esforça para entender completamente os desafios que Ángela está enfrentando, enquanto ela precisa se conformar com a criação de um ser a quem pretende dedicar todo o seu querer.

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Little Trouble Girls | Foto: Divulgação

LITTLE TROUBLE GIRLS ("Kaj ti je deklica"), de Urška Djukic (Eslovênia): Um estudo sobre o benquerer e as sequelas que ele pode trazer no despertar da primavera da vida. Foi laureado com o Prêmio da Crítica da última Berlinale, pela excelência de sua edição. Na trama, montada com elegância, Lucia, uma jovem introvertida de 16 anos, entra para o coral feminino de sua escola católica, onde faz amizade com Ana-Maria, uma aluna popular e sedutora do terceiro ano. Durante um retiro de fim de semana em um convento remoto no campo, para ensaios intensivos, a crescente fascinação de Lucia por um restaurador começa a prejudicar seu vínculo com Ana-Maria e o restante de suas colegas de canto. Em meio a um ambiente desconhecido e ao despertar de sua sexualidade nascente, Lucia se vê questionando suas crenças e valores.