Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Gabriel Leone: 'Assim que eu escutei o Kleber falar do projeto, eu soube que queria fazer parte dele'

Gabriel Leone durante passagem pelo 78º Festival de Cannes | Foto: Rodrigo Fonseca

 

Depois de chegar na pole position na Netflix à frente de "Senna", Gabriel Leone corre agora pelas pistas mais disputadas do circuito mundial dos festivais de cinema, as telas de Cannes, como vilão em "O Agente Secreto". De CEP pernambucano, o thriller de Kleber Mendonça Filho ("O Som Ao Redor") disputa a Palma de Ouro e tem forte chance de arrancar um prêmio para seu diretor e seu protagonista, Wagner Moura. A trama se passa em 1977 e investe em elementos de suspense e fantasia para denunciar a corrupção no desmantelo da máquina pública de ensino e pesquisa.

Em meio a um processo de buscar espaço no cinema internacional, que começou com sua participação em "Ferrari" (2023), de Michael Mann, Leone ganha mais (e melhores) holofotes no papel de Bobbi, matador que está no encalço do cientista e professor vivido por Wagner.

Em 2024, ele arrancou aplausos e elogios na Mostra de São Paulo com "Barba Ensopada de Sangue". A adaptação do romance de Daniel Galera segue inédito em circuito.

No papo a seguir, Leone conta ao Correio da Manhã como foi o processo de filmar o longa-metragem mais recente do cineasta que, depois de "Bacurau" (Prêmio do Júri em Cannes em 2019) virou sinônimo de um Brasil que rejeita o facismo.

No auge de sua participação em novelas e séries na TV, o cinema se encatou pelo seu talento e te levou às telonas com direito a sucessos de público ("Eduardo e Mônica") e cults ("O Rio do Desejo"). Nessa trilha, você foi de Claudio Assis a Aly Muritiba, passando por Vicente Amorim. O que esse rol de diretores te traz nessa jornada?

Gabriel Leone: Se você pensar que o meu primeiro filme, "Garoto", foi com o (Julio) Bressane... e isso depois de fazer "Malhação" na Globo... vai ver que eu comecei minha jornada no cinema brasileiro por meio de um realizador super respeitado. Essas escolhas estão abrindo portas pra mim. Mais do que apenas diretores, eles são cineastas autorais. Kleber é parte desse time. Eles me fazem crescer, aprender. Eu sinto também no processo agora com a Joana Jabace, diretora de "Véspera", série que faço para a Max.

Como foi o trabalho com Kleber na imersão histórica no Recife dos anos 1970?

Assim que eu escutei o Kleber falar do projeto, soube que queria fazer parte dele. O Brasil dele mostra a potência que a nossa arte tem. Saí de um set em Garulhos e vim para Cannes. Olhando os horizontes de Cannes, vendo a cidade do alto de seus telhados, eu lembro da vista que eu tinha do quarto de hotel no Recife, onde via aquela cidade com toda a sua força. A partir do que diretores como Kleber construíram, o Recife virou sinônimo de cinema.

Como ficaram os seus horizontes na TV, com as recentes experiências no cinema?

Tudo depende de encontrar o projeto certo. Entendo a importância que a TV aberta tem para a nossa população e tenho feito séries. Fiz "Citadel", faz pouco.

Como esta edição 78 de Cannes marca a sua estrada?

Esse festival é um oásis e ele me deixa muito feliz por me receber com um filme como "O Agente Secreto" tão importante para o Brasil.